13.4.11

“CORPORATIONS”

Por Carlos Gilberto Triel

Era uma vez um noviço que perguntou ao Abade da possibilidade em acender um cigarrinho quando viesse aquela vontade de fumar no momento em que estivesse rezando.

O Abade deu-lhe um sermão arrumado. Onde se viu um religioso em seu instante de ligação com Deus, ousar acender um cigarro. Inconcebível ter que responder a uma pergunta tão idiota.

Ora, naquele mosteiro todos fumavam. O noviço não se deu por vencido. Duas semanas depois, como quem não quer nada, aproximou-se do velho Abade e voltou a falar sobre fumar a hora da oração.

O noviço se desculpou pela ingenuidade em fazer tão inconseqüente pergunta e isso deixou o Abade bastante envaidecido.

Perspicaz, perguntou sobre o outro lado da situação, quando se está fumando, e venha uma vontade de rezar, seria permitido?

O Abade sem pestanejar respondeu na bucha: Claro, nesse caso pode. Não tem nada demais. Não se pode fumar é na hora de rezar, quando se está fumando pode rezar sim.

A jornalista Claudia Maria observou que um minúsculo delta ganhara a limpeza pública da cidade nessa semana, mas a mediunidade empresarial havia visto em cartas de tarô a vitória com alguns dias de antecedência e, logo seus garis uniformizados saíram a recolher o lixo.

Ora, se o lixo na rua não pode se acumular porque trás toda sorte de doenças e daí inventam contratos de emergências para justificar o obvio; por que os doentes se acumulam nos postos e hospitais sem que nenhum gênio virtuoso se antecipe e faça o que deve ser feito?

O fato é que virtude e genialidade são coisas que não se ensinam mesmo. Kant dizia em seu tempo que seria tão insensato querer que os nossos sistemas de moral fabricassem gente virtuosa, nobre, santa, como pretender que os nossos tratados de estética criassem poetas, escultores ou pintores.

Aqui em Nova Iguaçu, nossos gênios não diferem em nada dos governos do mundo, são reféns de corporações que sustentam seus caprichos de poder. Arrogantes com os fracos e, serviçais com seus mantenedores, se borram de medo em se impor aos interesses de meia dúzia de borra-botas.

Mas verdade seja dita, às vezes acontece da nobreza tomar ares de virtuoso e sair a ajoelhar e a orar nos cantos das praças e no meio das ruas, assim como fez na festa da cidade. O fato é que o nobre conselheiro envelheceu e de tão surdo, nem ouviu um querubim pós-graduado a sussurrar-lhe:

- Subverta logo esse consumo linear do é dando que se recebe, e construa algo digno na saúde de Nova Iguaçu. Não seja trouxa, seu tempo está acabando.

Carlos Gilberto Triel é jornalista e apresenta de segunda a sexta-feira 8:40hs o quadro Se É Sucesso Eu Toco dentro do programa do Hugo Alves. E a oração da Ave Maria 17:55hs Rádio Tropical 830AM www.tropical830am.com.br

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