"A DIFERENÇA ENTRE O ÍNDIO E O PARAÍBA"

Carlos Gilberto Triel

Em Nova Iguaçu, as noites de terça-feira são sempre iguais nas imediações da Rua Carlos Marques Rolo, onde a policia do governador do Estado apreende carros que não honraram o pagamento do IPVA, um engarrafamento monstro assola os dois lados da Via Dutra.

Esse governador chamou um menor de otário porque o fez passar vergonha diante do Lula. A questão está aí, enquanto a empáfia e o dinheiro público subjugam o fraco, a revolta midiática se direciona para as verdades irrelevantes de um famoso Stallone geriátrico.

Muitos gordinhos gulosos nem imaginam o perigo que correm. Acham que a comida nasce nas prateleiras dos supermercados. Não fazem a menor idéia como os produtos chegam e, sobretudo, da linha tênue que apóia a logística do abastecimento.

A segurança pública talvez seja mais importante nesses dias de bravatas e bravateiros do que a própria economia. Com esse deslumbramento governamental que aí está pode-se ter dinheiro no bolso e nada para comprar, porque a comida simplesmente pode não chegar aos mercados.

- “Vamos deixar o carioca com fome, governador. Se essas blitz policiais continuarem do jeito que estão nenhum caminhão com mercadoria viajará ao Rio.”

Com esse recado, o presidente de um sindicato dos caminhoneiros do sul ameaçou o governo estadual lá pelos idos dos anos 90. Imediatamente, o então governador determinou ao secretário de segurança que não queria uma só patrulhinha nas imediações do Ceasa.

O que seria do Rio de Janeiro sem os alimentos que chegam do sul e do sudeste? Imaginem o brioso guarda da esquina, defensor intransigente da lei e de documentos em ordem dos caminhões, com o salário no bolso e sem nada para comprar e, forrar o seu avantajado abdome militar?

Na França em 2005, jovens filhos de imigrantes saquearam e depredaram cidades. O abastecimento chegou a zero e, este país de primeiro mundo experimentou durante semanas o desespero de não saber o que seria do amanhã.

No ano passado o então prefeito de Nova Iguaçu na ânsia em reverter o quadro delineado por Brasília às eleições desse ano, ensaiou uma comédia farsesca com o propósito de paralisar a Via Dutra e se mostrar como o bonitinho em que o Cazaquistão deveria respeitar.

Ora, se o objetivo fosse chamar atenção para algo maior como o direito ao bem adquirido, como por exemplo, da apreensão de carros com IPVA vencido, talvez não se humilhasse tanto com os seus fracassos que se sucederam até a vaga de candidato ao senado.

Na verdade, o que o ex-prefeito não contava é que do Rio de Janeiro saísse um concorrente capaz de ofuscar sua imagem de celebridade política junto ao público feminino como é o caso do deputado federal Índio da Costa.

A diferença é que o carioca Índio da Costa escolheu o projeto da Ficha Limpa como referência política, enquanto o paraibano Lindberg Farias ainda insiste nessa bobagem de lindinho de meia idade como algo a ser levado a sério.

Carlos Gilberto Triel é jornalista e o apresentador da Ave Maria, 17:45 de 2ª a 6a e “Quem Eles Pensam que Somos” no programa Perfil da Baixada 10:30 Rádio Tropical 830AM na web www.tropical830am.com.br