27.10.11

Matéria do Extra

Por Claudia Maria

Segue abaixo matéria publicada hoje no Extra. O texto é de Aline Custódio. Vejam a cara de pau de Fausto Severo Trindade.


Do portão de casa, Antônia Maria Barbosa, de 64 anos, aguarda a próxima chuva que, a exemplo das últimas, transformará num rio de lama a Rua João Mateus, no bairro Laranjeiras, em Nova Iguaçu — quase toda a via, com 295 metros, é um caminho de terra cercado pelo mato alto. O que passou longe da porta de Antônia foram as melhorias prometidas para a João Mateus.

A rua, ao lado de outras 116 vias, faz parte de um dos oito contratos de obras de saneamento básico assinados entre a Prefeitura de Nova Iguaçu e a Rumo Novo Engenharia Ltda., entre 2005 e 2006 — época em que o senador Lindbergh Farias (PT/RJ) era prefeito do município. Totalizando R$ 5,9 milhões, as licitações são citadas na ação civil pública movida pelo Ministério Público estadual, em Nova Iguaçu, que acusa Lindbergh e outros oito réus de improbidade administrativa.

Há cinco anos, Antônia quase teve motivos para comemorar o fim das enchentes, ao ver um trecho de 20 metros ser asfaltado e ter o esgoto encanado. A obra, porém, parou sem que os moradores fossem informados do motivo.

— Vi uns homens medindo a rua e fiquei animada. Quando a obra começou, comemorei ainda mais. Só que eles foram embora pouco tempo depois e as enchentes voltaram — recorda Antônia.

Antônia Maria Barbosa na porta de sua casa, na Rua João Mateus: só 20 metros da via foram asfaltados Antônia Maria Barbosa na porta de sua casa, na Rua João Mateus: só 20 metros da via foram asfaltados Foto: Roberto Moreyra / Extra

Os outros 275 metros da João Mateus continuam sendo uma trilha de poeira, em dias ensolarados, e de lama, nos chuvosos. Outras duas ruas e uma avenida do Rodilvânia também não tiveram as obras concluídas pela Rumo Novo antes de o contrato ser rescindido pela prefeitura.

No bairro da Grama, o vendedor Pedro Paulo dos Santos, de 42 anos, cansou de esperar a pavimentação da Rua Benjamim Batista, iniciada pela Rumo Novo. Com outros moradores, aplicou cimento na via para acabar com a derrapagem dos carros.

— A obra começou e parou rapidinho — conta.

Pedro Paulo na Rua Benjamim Batista: na falta de pavimentação, moradores usaram cimento Pedro Paulo na Rua Benjamim Batista: na falta de pavimentação, moradores usaram cimento Foto: Roberto Moreyra / Extra

Ex-secretário fala por meio de nota

Em nota, enviada pela assessoria de imprensa do senador Lindbergh Farias, o ex-secretário de Governo de Nova Iguaçu, Fausto Trindade, afirma:

“Conforme já informei ao Jornal Extra na última segunda-feira, passados quatro anos, nada foi apurado em relação às licitações mencionadas. Disse na ocasião e reitero: o Tribunal de Contas do Estado aprovou todas essas licitações. Lamento que a repórter insista em relacionar a gestão do senador Lindbergh Farias a irregularidades, pois informei a ela que depois de ter verificado o não cumprimento dos contratos pela Rumo Novo Engenharia, a Prefeitura de Nova Iguaçu rompeu unilateralmente todos os contratos. Mesmo diante das dificuldades da empresa de executar a obra, não houve aditivo de contrato. Lembro que todas as contas do primeiro mandato de Lindbergh Farias em Nova Iguaçu foram aprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado”.

Nesta quarta-feira, o advogado Medson Rodrigues respondeu em nome de Cleonice Paulina Neves, sócia na Rumo Novo Engenharia Ltda., Norberto José Torradefló Palácio, citado pelo MP como sócio oculto na mesma empresa, e Paola Michelle Neves Torradefló, sócia na Aporte Serviços e Comércio de Materiais, Equipamentos e Insumos Ltda.

Segundo Medson, a família deixou as empresas sob o controle de Vítor Luiz Vicente Távora, sócio na Rumo Novo, a partir do início de 2006. Ele afirmou que a empreiteira não era de fachada e que a família foi enganada por Vítor, que teria fechado as empresas sem os sócios saberem. Norberto morreu no ano passado. Sem bens próprios, Cleonice e Paola vivem numa casa alugada.

O EXTRA tentou ouvir Vítor na terça-feira. No telefone residencial, uma outra pessoa afirmou que o número não pertence a ele.
Li

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