15.7.11

Matéria no Extra

Por Claudia Maria

A matéria abaixo está no Extra de hoje e é assinada pela repórter Cíntia Cruz. Quem acompanha o blog sabe que lutamos por justiça em relação aos estragos feitos por Lindberg na cidade e diretamente nas vidas de algumas pessoas que conhecemos. Emplumadinho se uniu à nós há pouco tempo e também comunga do mesmo pensamento. Há muito tempo a chamada grande Imprensa não se pronunciava. Com a página exclusiva da Baixada agora no Extra ganhamos mais espaço e essa é a segunda matéria mostrando a verdadeira face do senador em menos de um mês. Ao Extra nossa homenagem pela decisão e à Cíntia Cruz os parabéns pela minucia da apuração. A menina promete.

Pelo menos três vezes por semana, por quase um ano, o vendedor David de Souza da Silva, de 39 anos, seguiu uma cansativa rotina na Rua Nossa Senhora de Fátima, no bairro São Francisco de Paula, em Nova Iguaçu. Como o cunhado era doente renal, ele o levava na bicicleta até a estrada principal para fazer hemodiálise.

— De carro não tinha como passar. Se chovesse, tinha que levá-lo nas costas. Ele morreu e não viu a obra terminar — conta David.

A ausência de asfalto e o esgoto a céu aberto eram os grandes obstáculos. A esperança veio em 2007, com a drenagem e a pavimentação da rua. No entanto, em abril de 2010, as obras foram interrompidas.

Apesar de ter durado três anos, apenas 23,25% das obras foram concluídas, segundo o Ministério das Cidades. O valor repassado pela União para que a Prefeitura de Nova Iguaçu realizasse o serviço foi de R$ 975 mil.

Essa não foi a única interrupção da prefeitura. No Centro da cidade, a construção da Vila Olímpica também foi paralisada. No local, além de mato, há apenas uma guarita, uma piscina e uma pequena construção. Para a obra, foi liberado um repasse do Ministério do Esporte no valor de R$ 2 milhões.

Na última sexta-feira, o senador Lindbergh Farias foi notificado pela Caixa Econômica Federal no Diário Oficial da União (DOU). Ele deveria retomar as obras paralisadas ou devolver o dinheiro à União. No entanto, no DOU de terça-feira, o superintendente da Caixa na Baixada Fluminense, Cláudio Martins Ribeiro de Jesus, anulou as notificações, alegando erros de uma funcionária. Um deles foi a afirmação de que o senador se encontrava “em local incerto e não sabido”. A publicação desagradou ao senador:

— Como um senador da república tem o endereço não sabido?— afirmou.

De acordo com o secretário municipal de Nova Iguaçu, José Rogério Namen, as obras no bairro São Francisco de Paula foram paralisadas devido "a uma série de dificuldades orçamentárias", mas não explicou ao EXTRA quais seriam elas.

Quanto à Vila Olímpica, o secretário afirmou que a construção foi paralisada há aproximadamente 2 anos, ainda na gestão do atual senador Lindbergh Farias.

— A empreiteira Dimensional solicitou um reajuste e a administração municipal achou indevida — explica Namen, garantindo que a prefeita Sheila Gama assinou, em abril, um protocolo de intenções com o governador Sérgio Cabral para a conclusão das obras.

Já a assessoria de imprensa do senador Lindbergh Farias informou que o então prefeito iniciou um processo de renegociação com a Dimensional, mas que o debate do preço teria ficado em aberto, quando ele saiu do governo, em março de 2010. As obras seguem paradas, porque a prefeitura não retomou as negociações.

A empresa Dimensional foi procurada, mas não atendeu aos telefonemas. Sobre o protocolo de intenções, a Secretaria estadual de Obras informou que a Caixa está analisando quais contratos o Estado poderá assumir. Já a Caixa informou que não há análise quanto à inclusão do Estado nos contratos.

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