A reação do prefeito Aluízio Pinto de Barros ao golpe de 1964
Na edição de número 2.458, datada de 26 de abril de 1964, o valente jornal Correio da Lavoura publicou, em sua capa, uma manchete onde o então prefeito Aluízio Pinto de Barros, considerado um progressista, que concedia um aumento escalonado de 100% para os servidores da então Nova Igaussú (grafia da época). Esse aumento, na verdade, mostrava que o prefeito já fizera a previsão do que lhe aconteceria em razão do golpe militar de 1 de abril de 1964. A manchete do semanário foi a seguinte: “Aumento para o funcionalismo será na ordem de 100 por cento”.
Ligado aos setores mais da esquerda e porterior ao dia 14 de abril de 1964, data em que marca a cassação do vereador iguaçuano e comunista Ismael Ramos, Aluízio Pinto de Barros resolveu publicar um artigo para a população iguassuana (grafia da época). Este artigo assinado pelo então prefeito também foi publicado na capa do Correio da Lavoura, o que mostra o posicionamento do jornal contrário ao golpe militar. Mas, conforme revela o texto de Aluízio, tal artigo também serviria para acabar com boatos malidecentes e reafirmar o seu papel de defensor democracia.
Dias depois do artigo publicado, o prefeito foi afastado e quem assumiu foi o seu vice, João Luís do Nascimento, que de acordo com pessoas que acompanharam a sua administração, ele fez um bom governo.
Vejamos o artigo:
DO PREFEITO AO POVO IGUASSUANO
Nesta hora democrática, em que todos se manifestam por palavras seus propósitos e pensamentos, não posso silenciar-me. E trago uma palavra de tranquilidade e fé na democracia.
Após o período de instabilidade, em que o povo assistiu, entre estarrecido e assustado, à infiltração maquiavélica, nos mais diversos quadros administrativos brasileiros, de pessoas interessadas na subversão da ordem pública e, pior que tudo, na alteração da própria estrutura democrática de nossas instituições, contrariando o sentido de pensar de nosso povo, buscando implantação de regimes em dissonância com nossa tradição e história, minha palavra de confiança nos destinos democráticos de nossa Pátria não poderia faltar, sob pena de interpretações maldosas.
E manifesto-me dentro do paradigma que sempre me norteou. Paradigma de democracia, de liberdade; paradigma de respeitos às instituições democráticas. Nunca, quer por atos, quer por pensamentos, quer por formação cohonestei procedimentos contrários à nossa tradição democrática. E, por isso, principalmente por isso, sinto-me muito à vontade para manifestar-me publicamente. Em meu governo, por exemplo, procurei cercar-me de auxiliares, requisitados no melhor de nossa sociedade, pessoas capazes e honestas, com passado e respeito do qual nenhuma dúvida poderia preocupar-me.
Minhas atitudes, à frente da Prefeitura, foram sempre em busca de solução para os graves problemas municipais. Preocuparam-me sempre os problemas administrativos e não os políticos, daí a razão do apoio que venho recebendo das diversas correntes políticas nesta cidade.
E espero contar sempre com êsse apoio, na ânsia de bem encaminhar a administração, pautando nossa atitude dentro do melhor sentido democrático, longe, distantes das doutrinas extremistas, que visam solapar a democracia em nossa terra.
E, com esteio nos verdadeiros democratas, nos que amam a Pátria deveras, nos iguassuanos preocupados com nossos problemas, nos industriais, nos comerciantes, nos representantes das diversas profissões liberais, nos trabalhadores e no povo que querem a grandeza de nosso Município, haveremos de engrandecê-lo, levando, outrossim, nossa parcela de contribuição a essa obra grandiosa de restauração democrática, porque, antes e acima de tudo, está nossa Pátria. E que cada um dê um pouco na grandiosa altura a que faz jus pelo valor de seu democrático povo.
Nova Iguassú, 20 de abril de 1964.
ALUÍZIO PINTO DE BARROS
Na edição de número 2.458, datada de 26 de abril de 1964, o valente jornal Correio da Lavoura publicou, em sua capa, uma manchete onde o então prefeito Aluízio Pinto de Barros, considerado um progressista, que concedia um aumento escalonado de 100% para os servidores da então Nova Igaussú (grafia da época). Esse aumento, na verdade, mostrava que o prefeito já fizera a previsão do que lhe aconteceria em razão do golpe militar de 1 de abril de 1964. A manchete do semanário foi a seguinte: “Aumento para o funcionalismo será na ordem de 100 por cento”.
Ligado aos setores mais da esquerda e porterior ao dia 14 de abril de 1964, data em que marca a cassação do vereador iguaçuano e comunista Ismael Ramos, Aluízio Pinto de Barros resolveu publicar um artigo para a população iguassuana (grafia da época). Este artigo assinado pelo então prefeito também foi publicado na capa do Correio da Lavoura, o que mostra o posicionamento do jornal contrário ao golpe militar. Mas, conforme revela o texto de Aluízio, tal artigo também serviria para acabar com boatos malidecentes e reafirmar o seu papel de defensor democracia.
Dias depois do artigo publicado, o prefeito foi afastado e quem assumiu foi o seu vice, João Luís do Nascimento, que de acordo com pessoas que acompanharam a sua administração, ele fez um bom governo.
Vejamos o artigo:
DO PREFEITO AO POVO IGUASSUANO
Nesta hora democrática, em que todos se manifestam por palavras seus propósitos e pensamentos, não posso silenciar-me. E trago uma palavra de tranquilidade e fé na democracia.
Após o período de instabilidade, em que o povo assistiu, entre estarrecido e assustado, à infiltração maquiavélica, nos mais diversos quadros administrativos brasileiros, de pessoas interessadas na subversão da ordem pública e, pior que tudo, na alteração da própria estrutura democrática de nossas instituições, contrariando o sentido de pensar de nosso povo, buscando implantação de regimes em dissonância com nossa tradição e história, minha palavra de confiança nos destinos democráticos de nossa Pátria não poderia faltar, sob pena de interpretações maldosas.
E manifesto-me dentro do paradigma que sempre me norteou. Paradigma de democracia, de liberdade; paradigma de respeitos às instituições democráticas. Nunca, quer por atos, quer por pensamentos, quer por formação cohonestei procedimentos contrários à nossa tradição democrática. E, por isso, principalmente por isso, sinto-me muito à vontade para manifestar-me publicamente. Em meu governo, por exemplo, procurei cercar-me de auxiliares, requisitados no melhor de nossa sociedade, pessoas capazes e honestas, com passado e respeito do qual nenhuma dúvida poderia preocupar-me.
Minhas atitudes, à frente da Prefeitura, foram sempre em busca de solução para os graves problemas municipais. Preocuparam-me sempre os problemas administrativos e não os políticos, daí a razão do apoio que venho recebendo das diversas correntes políticas nesta cidade.
E espero contar sempre com êsse apoio, na ânsia de bem encaminhar a administração, pautando nossa atitude dentro do melhor sentido democrático, longe, distantes das doutrinas extremistas, que visam solapar a democracia em nossa terra.
E, com esteio nos verdadeiros democratas, nos que amam a Pátria deveras, nos iguassuanos preocupados com nossos problemas, nos industriais, nos comerciantes, nos representantes das diversas profissões liberais, nos trabalhadores e no povo que querem a grandeza de nosso Município, haveremos de engrandecê-lo, levando, outrossim, nossa parcela de contribuição a essa obra grandiosa de restauração democrática, porque, antes e acima de tudo, está nossa Pátria. E que cada um dê um pouco na grandiosa altura a que faz jus pelo valor de seu democrático povo.
Nova Iguassú, 20 de abril de 1964.
ALUÍZIO PINTO DE BARROS
Prefeito
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