Do Almeida

Hoje, enquanto aguardava o ônibus na Via Light, vi uma cena inusitada. Próximo ao cruzamento da rua Nilo Peçanha com a Via-Light, um guarda-sol fica montado para proteger o agente de trânsito da chuva ou do próprio sol. Fiquei naquele ponto por muitos minutos, mais de 25, isso contabilizado e até meu celular pode confirmar essa nota, pois tudo foi gravado. Pude observar que no local onde era para estar o agente trânsito estava uma jovem segurando a bandeira do candidato à prefeito Nelson Bornier (PMDB). Confesso que no meu entendimento a menina não deveria ficar ali, mas é óbvio que ela fugia do sol. Também não posso condenar o agente, pois deveria estar em outra parte da Via-Light para ajudar a melhorar o trânsito da cidade. O agente que costumeiramente fica naquele local, diga-se de passagem, vejo-o como um bom profissional. Muitas vezes se arrisca em plena pista para amenizar o atordoado trânsito da cidade. Não posso culpar a menina por também buscar um local à sombra e tão pouco posso culpar o agente que estava no exercício do seu trabalho. Mas o que fica claro é que quando o próprio governo não ocupado o seu espaço institucional, outras pessoas ocupam, e, neste caso, quem ocupou foi a menina que empunhava a bandeira de Bornier. Se ali estivesse uma cabina de abrigo, provavelmente a menina não estaria no interior dela, e mais provável ainda seria a melhora na condição de trabalho do agente. Escrevi essa nota não para causar problemas tanto para a menina quanto para o agente que, pelo contrário, sempre que o vejo admiro a disposição para trabalhar da forma que trabalha, seja debaixo de sol ou chuva. Escrevo apenas para dizer, mais uma vez, que quando o governo municipal não consegue oferecer condições para ocupar o seu próprio espaço, ele acaba servindo de espaço para os outros. E, neste caso, o episódio retratou bem a ausência do governo, e não a do agente. Como disse, o rapaz poderia estar em outro local, a menina também poderia estar em outro local, assim como o a cabeça do próprio governo.