30.3.09

Bom saber

Por Claudia Maria

Segue o texto de um pai indignado com o ensino público em Nova Iguaçu em função da matéria publicada no Estadão.

Olá a tod@s!

Eu por aqui vou dando algumas risadas com o que recebo de notícias de meu município, risadas de nervosismo é claro! Em algum momento de escárnio, o que também é verdade!
Entretanto, deixando de lado o sarcasmo que me é peculiar, quero tecer alguns comentários acerca do que foi dito anteriormente, sinto uma grande necessidade em fazê-lo por ser artista, cidadão, pai... essas coisas todas que me credenciam.

Em primeiro lugar gostaria de dar minha opinião sobre a educação em nosso município de Nova Iguaçu, opinião de quem não é de classe média (pelo menos financeiramente) pois minha filha estudou durante todo o ano de 2008 na rede municipal de ensino - eu estava... como direi? Fodido mesmo! E não me restara outra alternativa, que não esta: o ensino público revolucionário de Nova Iguaçu! Primeiro eu matriculei minha filhinha, que até então fora alfabetizada e educada sob os auspícios do sócio-interacionismo, na Escola Municipal Monteiro Lobato.
estava cheio de romantismo naquele momento devido ao fato de aquela ter sido a minha primeira escola e coisa e tal... mas logo de cara fui percebendo que todo o romântico é um desinformado em potencial. Foram 3 meses de martírio! Não houve uma semana que minha filha conseguiu ter aula de segunda a sexta.
Mantivemos o mesmo senhor que a transportava desde que ela tinha 4 anos (agora ela fará 10 anos), o Tio Luciano. Cada vez que o tio Luciano chegava em minha casa, retornando com a Morgana do Monteiro, ele demonstrava uma imensa preocupação. Um dia ele disse pra minha mulher algo mais ou menos assim: "Olha Marcella, aquilo não é escola pra Morgana não. Eu chego lá pra buscá-la e não fica ninguém responsável pelas crianças, elas ficam sozinhas no pátio... é uma verdadeira zona, não se sabe quem é funcionário e quem não é..."
É óbvio que ficamos uma pilha de nervos! Para resumir a ópera, transferimos nossa filha do Monteiro para uma escola menor e, em princípio, mais organizada.
Ledo engano... o esquema de não ter aulas de segunda a sexta se repete (acho que é praxe neste município), a direção da Escola Municipal Rubens Falcão é ótima - aliás a diretora é até uma amiga minha dos tempos em que eu era bem mais jovem. Existe um discurso legal, os livros adotados são ótimos... mas na prática gente, a teoria é ótima! Os livros legais nunca foram usados, não havia planejamento (ou se havia, não era aplicado), os professores mantinham aquela postura do "to aqui pra cumprir meu horário e meter o pé" e assim sucessivamente.

Neste ano eu resolvi fazer uma loucura em nome de uma educação de qualidade para a minha filha, matriculei-a novamente no SESI, onde ela estudara, to pagando uma grana alta pra cacete, mas to muito feliz ao ver a minha filha todo dia (sem sacanagem gente!), todo dia chegando empolgada com uma novidade, um novo aprendizado que ela experimentou na escola. É igual aquele papo do mastercard... não tem preço.

Quanto ao Programa Bairro-Escola, eu que sou arte-educador há 20 anos, formando em artes cênicas pela UNIRIO, fui presidente do Conselho Municipal de Cultura por 2 anos e alguém que participou ativamente de alguns projetos ligados a este programa, como o Juventude Cidadã por exemplo; costumo dizer que: "Este Programa é maravilhoso no A4 !"
Não sei se os Angolanos, Alemães, Suecos, sei lá... não sei se vivenciaram o programa na prática, se ficaram pelo menos uma semaninha aqui em Nova para tecerem alguma avaliação mais concreta, não sei! Só sei, por conhecimento de causa, que algumas coisas nesse município viraram esquizofrenia. Só existe no "universo" de um indivíduo, na prática...

Fiquei a fim de falar pra cacete porque as vezes tenho esses insights. Quase não emito opinião por aqui (leio todas!), mas acho importante como cidadão expôr uma experiência como a que eu tive. A educação é coisa muito séria gente! Nossos filhos não são brinquedinhos eleitorais. Eu fico puto quando vejo clientelismo com a educação, sabe como?
Eu vivo aqui, eu moro aqui, não sou xenófobo, mas exijo que alguns caras que tão chegando agora ao "potinho de ouro iguaçuano" se liguem que no final desse arco-íris tem gente, tem criança bicho... não tem duendes e muito menos fadinhas. Ok?!


Marcos Serra.

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