9.3.10

Texto primoroso do Triel

“DEVO, NEGO E NÃO PAGO”

Carlos Gilberto Triel


O suplemento “Baixada” de O Global mostrou que empresários do setor de saúde cobram da prefeitura de Nova Laranja uma dívida de R$9 milhões.

Por outro lado, o secretário Souza & Souza CO diz que não deve nada. A dívida é uma questão de interpretação.

E aí, como é que fica? Quer dizer que eu entro com uma fatura cobrando o fornecimento de mercadorias e quem deve diz que a divida não existe, existe é um atraso de pagamento de apenas oito meses.

Era tudo que o calote oficial precisava para virar jurisprudência. Peguei esse dinheiro emprestado com você, não paguei. Mas não lhe devo nada. Você precisa interpretar o que você chama de dívida a luz da razão: Estou apenas atrasado alguns 8 meses e poucos dias.

Depois dessa é bem possível que Souza & Souza Co viaje além da imaginação e diga coisas assim:

- Pagamos tudo que devíamos em 2008. Assinei um termo de conduta que iria me comportar direitinho no ano passado, mas acontece que a vida não funciona assim não. A gente assina por assinar; há toda uma tramitação administrativa, sobretudo, quando não temos interesse em pagar.

Ou você pensa que não existe uma liturgia para bater o carimbo? Desde que o mundo é mundo serviço público é um altar de sacrifícios. O carimbo precisa estar na posição correta na mesa no instante em que chega o processo da fatura.

- Depois é preciso esperar que a secretaria executiva acabe de tomar o seu cafezinho e ponha em dia para os auxiliares como foi à noitada anterior na esticada com grupo de amigas à Zona Sul do Rio. Aí então, vamos ver quem é quem dentro dos nossos interesses.

- As pessoas precisam aprender que neste país a palavra funcionário público é apenas uma questão de semântica. Na verdade o público é o nosso funcionário.

- Eu, por exemplo, me considero um patrão público. Ora, quem é que ordena eles aguardarem na fila o atendimento? Quem é que determina eles voltarem na data que eu quero?

- Meu Deus! Alguém tem dúvida de que o poder que temos é soberano? E, esta soberania não nos faz funcionários do público, e sim o público o nosso funcionário.

- Contribuintes, por acaso vocês pensam que foi fácil ser clicado da forma como eu fui naquela foto da reportagem? É preciso ter estirpe, o gênio nasce com estirpe, não é para qualquer um não.

- Reparem que além da minha camisa social de marca, teve a elaboração de uma pose para que minha mão esquerda se sobrepusesse a mão direita paralelamente, de forma que eu apareço com toda a expressão de conteúdo e de integridade na fotografia, nada a ver com a cara de tamanco do antagonista da reportagem.

- Quem? A mala desse tal de Mauro Água. Um sujeitinho vulgar trajado em jaleco de morim branco, algo próximo do terceiro escalão dos profissionais de saúde.

- Ele era para estar dando graças aos céus pelo privilégio e a sorte de dividir a mesmas páginas comigo no O Global, mas qual o quê, essa coisa quer porque quer me torrar o saco querendo falar comigo, imagine, pessoalmente.

- Quem ele pensa que é? Só porque representa umas firminhas aí, se acha no direito de falar com um homem da minha importância e categoria assim sem mais nem menos. Sujeitinho presunçoso, não se enxerga.

- E querem saber de uma coisa, observem o mesmo biquinho sedutor no qual apareço tão bem na fotografia daquela reportagem, pois assim estou para dizer a quem interessar possa saber: Agora que eu não pago mais, essa dívida fica para a Shirley pagar. Hum... magoei!

Os personagens são fictícios toda e qualquer semelhança é... Mera coincidência.

Carlos Gilberto Triel é jornalista e o apresentador da Ave Maria 17:45hs e o comentarista do quadro “Quem Eles Pensam Que Somos” 10:30hs no programa “Perfil da Baixada” Rádio Tropical 830 AM

Um comentário:

Unknown disse...

My good? Será? Que foi assim que eles lá no futuro estado do Planalto Central, sem direito a deputados distritais e governador nomeado pelo Grande Imperado do Brasil, pagaram aquela divida externa, que para ele o imperador era impossível pagar.