5.4.08

Rememorando

Muitas pessoas que vieram fazer política em Nova Iguaçu não se dão conta do que está acontecendo no governo. Afirmo que nem mesmo o prefeito Lindberg Farias e os seus conselheiros políticos. As novas articulações do governo precisam ser observadas com mais detalhes e, hoje, uma cena que concentrava as imagens de Walney Rocha, Lindberg Farias e Mario Marques, juntos, na abertura dos jogos das Olimpíadas da Baixada, me lançou ao ano de 1988. Então, vamos aos fatos:
Em 1988, eu era um jovem de 18 anos, idade suficiente para lembrar da época. Aluízio Gama foi eleito neste ano, e governou Nova Iguaçu de 89 a 92. Neste período, o PDT, de Leonel de Moura Brizola, era a legenda mais forte da cidade, inclusive com uma boa representação na Câmara, mas contava com outros políticos aliados. Lembro que na chamada “tropa-de-choque” de Aluízio Gama na Câmara, pessoas como Walney Rocha, Mario Marques e Nagi Almawy eram os vereadores que mereciam destaque. Hoje, vinte anos depois, vejo este mesmo grupo sendo refundado e fazendo parte do atual governo. Mais uma vez explico:
Recentemente, Mario Marques (PSDB) ensaiou pré-candidatura própria à Prefeitura de Nova Iguaçu. Esse lançamento foi incentivado por Lindberg e teve uma razão. Quando o nome de Mario Marques aparece nas pesquisas, o percentual do verdadeiro adversário do prefeito, Nelson Bornier (PMDB), cai. Quando não, Bornier eleva a sua expectativa de votos. Essa é a razão da simpatia de Lindberg por uma candidatura de Mario Marques. Esse anúncio de pré-candidatura provocou polêmica interna na legenda. Mas, não pensem que as coisas ficam por aí.
A nomeação de Marcelo Lessa para a pasta do Transportes é, também, um DNA de Nagi na secretaria. Lessa é do PR, assim como o filho do vereador, Fernando Nagi, também é. Portanto, seria essa a representação do vereador Nagi no bloco, que tem como líder Aluízio Gama. Aluízio foi além.
A nomeação de Walney Rocha (PMDB) para a secretaria municipal de Saúde tem todas as digitais do experiente Aluízio Gama. Ele emplacou o segundo integrante do seu grupo no governo. Essa foi uma condição para que a deputada Sheila Gama (PDT) fosse a vice na chapa à reeleição. Sozinho, Walney não teria capital político para reivindicar a pasta.
Mas, vamos voltar a falar de Mario Marques. Observando os fatos que disse anteriormente sobre a simpatia de Lindberg pela candidatura do tucano, é que isso pode garantir um segundo turno com Bornier. Porém, numa suposta disputa em segundo turno entre Bornier e Lindberg, Mario poderia declarar apoio ao atual prefeito e, conseqüentemente, ser contemplado com espaço no governo, sendo mais um do grupo participando da administração municipal e, se Lindberg reeleito, espaço maior ainda.
Todos sabem que o atual presidente da Emlurb é a representação de Aluízio Gama no governo. Não há mais o que se discutir sobre isso. Porém, outra representação sua só não emplacou graças ao passado. Trata-se de Altamir Gomes, que foi prefeito de Nova Iguaçu. Ele estava cotado para assumir a pasta de Esportes, mas foi retirado na última hora. A história da gestão Altamir qualquer pessoa que acompanha política sabe.
Portanto, chega-se a conclusão que se reeleito com Sheila Gama sua vice, Lindberg Farias (PT), que se elegeu sob o argumento da mudança, ficará apenas um ano e três meses na Prefeitura, deixando o cargo para novos vôos. Para o iguaçuano ficará, senão, o mesmo grupo de 20 anos atrás. Sheila, (leia-se Aluízio) prefeita e novamente a tropa-de-choque no governo. Voltaremos ao passado se não olhar para o futuro. Um regresso de 20 anos.
Não precisa ser vidente para ver que esse será o discurso de Nelson Bornier.

Um comentário:

Anônimo disse...

Pois é, Almeida.

É claro que muitas águas ainda vão rolar!Mas de qualquer forma esta composição Lindberg/Mario Marques, ainda que Lindberg consiga se reeleger, "devolve" Nova Iguaçu e a cidade volta a ser reduto das forças políticas tradicionais que sempre detiveram a administração pública. E assim, a cidade retorna à sua tranquilidade democrática.
Sob esse ponto de vista o Prefeito Lindberg está melhorando a condução política da cidade, está se comportando como um gestor político mais amadurecido...com isso, ele "devolve" o eleitor iguaçuano às estruturas políticas e administrativas tradicionais.Vai ficar muito chato para as posições políticamente radicais!

Flaminio Freitas