4.10.10

OS IMPERDOÁVEIS

Por Carlos Gilberto Triel

Dias desses uma paciente retornou com seus exames a uma ginecologista bastante conhecida em Nova Iguaçu. Ela já pagara a consulta e, apenas queria mostrar o resultado dos exames e, como havia se passado algum tempo a secretaria da médica exigiu o pagamento de uma nova consulta.

A moça ponderou que razões financeiras dificultaram os exames, mas de nada adiantou e, recebeu um deplorável não como resposta. Ou seja, a médica, comprometida única e exclusivamente com o lucro da profissão, não estava nem aí para a paciente. E não completou o serviço da consulta.

Que a médica esteja certa em seu código comercial, afinal o que acrescenta para a humanidade a relação promíscua entre Deus e o bispo da prosperidade? O fato é o indisfarçável prazer em espezinhar o outro por morbidez e, depois com essas mesmas cabecinhas cantar lindos hinos ao Senhor.

Entre na Google e peça a foto do atual presidente de Cuba, Raul Castro, na metade do século passado, pondo a venda no prisioneiro antes de fuzilá-lo e, por associação observe a expressão de serenidade dos muitos que estão a dizer que Jesus lhe ama, que o aborto não é ruim e que o índio é legal.

Nada é mais repulsivo do que a educação burocrata, bordada em sorriso de candura pérfida. Essa deselegância traduz a mais genuína defensiva psicótica que se fez caráter profissional e hoje, se espalha de forma epidêmica em diversos setores da vida corporativa.

Na semana passada assisti ao vídeo do pastor Paschoal Piragine Jr, que atingiu na Internet 2 milhões de acessos em 30 dias. Quem se dispuser verá algo inédito e, que vai mexer com a cabeça de todos quando vir um índio da próxima vez seja na TV ou mesmo na vida real.

Mas, voltando a essa médica de Nova Iguaçu que tem por hábito desmarcar compromissos com as parturientes no momento maior de suas vidas e, que com toda essa inimputabilidade tácita nos faz lembrar Bezerra de Menezes, médico e político que habitou entre nós e que dizia:
O médico verdadeiro não tem o direito de acabar a refeição. De escolher a hora de atender aquele que está sofrendo.
O médico verdadeiro não tem o direito de não atender o enfermo porque está com visita, por ter trabalhado muito e achar-se cansado, ou ser tarde à noite.

O verdadeiro médico não tem o direito de alegar se o caminho é ruim ou mal e se as condições do tempo não estão boas ou se a casa do enfermo é longe ou no morro.

O verdadeiro médico não tem o direito de exigir transporte para ir a onde o enfermo está, e não atender a quem não pode pagar a consulta ou a receita.

O verdadeiro médico não tem o direito de negar socorro a quem quer que seja a lhe bater a porta e muito menos mandar que procure outro médico.

Quem age assim não é médico, é negociante de medicina, que nada fez de sua vida a não ser um retorno medíocre para recolher o capital e os juros que foram gastos em sua formatura.

Ou então troque o juramento feito por cláusulas de um contrato social.

Carlos Gilberto Triel é jornalista e o apresentador da Ave Maria, 17:45 de 2ª a 6a e “Quem Eles Pensam que Somos” no programa Perfil da Baixada 10:30 Rádio Tropical 830AM na web www.tropical830am.com.br

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