10.11.12

“O HERÓI, OS ABENÇOADOS E O FARISEU”.

Carlos Gilberto Triel

O ministro Joaquim Barbosa diz que o povo passou a se identificar com as questões jurídico-institucionais tratadas pelo Supremo, daí sua notória popularidade junto à nação. E que o Mensalão trouxe o tribunal para junto das famílias e, sua popularidade é consequência disso.
O Estadão classifica a observação do ministro como elegância e modéstia, para em seguida dizer que é exatamente o que tem lhe faltado no plenário do STF; em vez da serenidade, se esmera em levar às famílias um espetáculo de nervos à flor da pele, intolerância e desqualificação dos colegas.

Na outra ponta do espetáculo, o pastor Silas Malafaia, deselegante e nada modesto, esperneia que continuará a influenciar o processo politico, malgrado as restrições dos ímpios e de grande parte da imprensa em relação a sua conduta no apoio a José Serra, seu candidato.
Pois é, o herói da vez, Joaquim Barbosa levou uma descompostura por reagir com um sorriso depreciativo à exposição dum ponto de vista do colega Marco Aurélio Melo, e ouviu o que não esperava: "Não sorria porque a coisa é muito séria. Estamos no Supremo. O deboche não cabe aqui".

Barbosa retrucou dizendo saber aonde o outro queria chegar. Mas, foi surpreendido pela resposta incisiva do ministro Marco Aurélio: "Não admito que Vossa Excelência suponha que todos aqui sejam salafrários e só Vossa Excelência seja uma vestal”.
Enquanto o mais novo herói da nação, que o próprio Estadão reconhece merecedor de todos os aplausos pelo desassombro, coerência e conhecimento de causa com que evidenciou os delitos cometidos pela quadrilha do Mensalão, recebe um puxão de orelhas por desdém a outro ministro...

O barulhento lavador de pecados alheios, de pulinhos em pulinhos, se diz inserido no Estado Brasileiro de Direito para desdenhar toda opinião que não seja seu espelho. E mesmo com a rejeição imposta pelas urnas, em pose de conteúdo, ainda se gaba de ser o líder religioso mais requisitado do país.
Por mais que se esforçasse Malafaia e a sua tribo não conseguiram impor suas preferências. Os fiéis eleitores não seguiram a orientação de bispos e pastores, tanto que nas quatro principais cidades do país que tiveram segundo turno, os candidatos apoiados por igrejas evangélicas perderam.

Em São Paulo, as mais populares igrejas satanizaram o Fernando Haddad pelo seu kit gay para Crianças. O apoio a José Serra foi inútil, o petista teve 55,57% dos votos válidos enquanto o candidato do PSDB alcançou 44,33% dos votos; o povo não deu à mínima - deu à volta no voto da fé.
A Igreja Universal do Reino de Deus, já derrotada no primeiro turno com Russomano; lá em Salvador veio com o 13 do PT, o Nelson Pelegrino, reverenciado entre os fiéis como o número de Jesus, cedeu às forças dos Orixás e perdeu para ACM Neto com 53,51% dos votos válidos.  

Em Curitiba, o filho do Ratinho do SBT foi o escolhido dos chamados ministros de Deus, mas o eleitor roeu a corda e se deixou amarrar pelo Gustavo Fruet do PDT, que venceu com 60,65% dos votos válidos contra apenas 39,35% do Baby Ratinho.
Em Manaus não foi diferente, Artur Virgílio do PSDB renasceu das cinzas com 65,95% dos votos contra toda a oposição das poderosas igrejas Assembleia de Deus e da Internacional que apoiaram a senadora Vanessa Grazziontin do (PCdoB) que recebeu apenas 34,05 dos votos válidos.

Aqui, a atual prefeita Sheila Gama se cercou como pôde com a nata dos abençoados locais. Dava gosto de ver todos juntos na cruzada contra o capeta, felizmente tem gente pra tudo nesse mundo, inclusive o eleitor, esse fariseu que não votou em quem só se lembrou dele, apenas dois meses antes das eleições.

Carlos Gilberto Triel é jornalista. E apresenta a Oração da Ave Maria de 2ª a 6ª feira 17:50hs Rádio Tropical 830AM. www.tropical830am.com.br

 

2 comentários:

Pedro Hermes disse...

Parabéns Triél.
Faço minhas suas sabias e bem colocadas palavras.Usar o nome de Deus em politica de vantagens oportunista.Não merece respeito.Eles não falam em nome de Jesus.Falam de suas mansões,vida de alto luxo,fazendas,carrões, aviões...tudo nas costas de um povo ja esfolado politicamente. Povo que com sua miséria financia a farra pseudo religiosa.

ij disse...

Olha a INTOLERANCIA!