4.6.09

Qualquer semelhança terá sido mera coincidência (ou não)

Por Claudia Maria

O texto abaixo, dessa que vos escreve, está no jornal Tribuna da Região dessa semana.

Em uma certa cidade da Baixada Fluminense que se tornou conhecida por sua produção de laranja, foi morar, vindo de terras distantes, um belo jovem que, por sua incomparável beleza, foi coroado rei daquela cidade. O que as pessoas não sabiam é que ele trazia uma maldição: se transformava em fera quando a lua estava cheia.

Tudo correu bem até a primeira lua cheia do mandato, quero dizer, do reinado. Estava o belo fazendo suas unhas e cantarolando uma linda canção quando, de repente, foi tomado por uma raiva sem motivação aparente. Descontrolado, o pobre rapaz destratou a manicure e saiu correndo pela Via Luz, uma das principais vias da cidade. Vários empregados seus, até o bobo da corte, tentaram, em vão, trazê-lo de volta ao seu castelo em forma do avião 14 bis. O belo acabou chegando à via Dutra onde quase foi atropelado por um caminhão que seguia com cargas de banana para o Ceasa.

O triste fato aconteceu por volta das 9h da manhã, horário em que o belo costuma não só fazer as unhas mas também se exercitar para manter o corpo atlético e treinar alguns gritos com seus mais chegados. Ao quase ser atropelado pelo caminhão o rapaz jurou vingança. Pintou a cara (coisa que não fazia há muito tempo), reuniu sua corte e exigiu: “não quero mais caminhões passando por essa estrada. De hoje em diante decreto: para passar por aqui o motorista terá que pedir minha benção e cantar uma canção de ninar para que eu possa ter um sono tranqüilo”. Oh! A atitude do monarca deixou sua corte em pânico. Afinal, a estrada não estava na jurisdição do reino mas o monarca não podia ser contrariado principalmente quando estava travestido de fera.

Imediatamente seus assessores (nessa altura o bobo da corte ria sem parar) correram para cumprir a tarefa árdua. Precisavam encontrar um meio de parar os caminhões. Foi ai que pensaram: “somos uma república de bananas e laranjas mas podemos fechar a Dutra com pizzas. Os caminhoneiros podem se sentir atraídos e então seqüestramos os caminhões e damos para o nosso rei brincar”. Tudo ficou acertado para o dia seguinte. Mas, alguma coisa aconteceu naquela noite. Quando o grande monarca foi dormir a lua mudou.Quando o Belo acordou estava novamente com sua aparência linda e reluzente.

Imediatamente se arrependendeu de tão impensado ato. Afinal, poderia sofrer duras represálias de colegas de outros reinos e, principalmente dos caminhoneiros que eram homens rudes e sem pátria. Assim chamou os assessores e assinou outro decreto: “de hoje em diante, todo caminhoneiro que passar por essa estrada terá que parar e comer muitas pizzas. Como forma de reverência ao monarca devem deixar, em contrapartida, muitas bananas para que as próximas pizzas sejam feitas de banana. Moral da história: na cidade das laranjas tudo acaba em pizza de banana.

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