Por Claudia Maria
Mais um capítulo da novela, a cidade que virou suco- ou melhor, bagaço.
Na terra dos eleitos
Ele já tinha ouvido muitas histórias sobre o Distrito sem Lei e cada vez ficava mas fascinado. Sabia que existiam por lá muitas pessoas que, assim como ele, tinham uma maldição. No seu caso era de virar fera nas noites de lua cheia, mas lhe contaram que, na terra dos eleitos, eles viravam de um tudo e não era só na lua cheia. Bastava um motivozinho qualquer para o pessoal da terra rodar a baiana. Lhe contaram que, certa vez, um grupo e respeitáveis juízes, em plena assembléia, começou a rasgar diplomas e dizer que “o livro de receitas da vovó valia muito mais do que aquele papel bobo”. Bem, pensou o rapaz, se aqueles juízes eram capazes de rasgar diplomas então ninguém ficaria escandalizado com sua pequena maldição.
Dessa forma resolveu se despedir da rapaziada. Não seria nada fácil largar aquela vida de festas na faculdade regada a muita açúcar e rapadura ou os amigos da Associação e Jovens, especialistas em arranjar atestados médicos para não trabalhar. Não que ele precisasse, afinal, nunca trabalhou, mas gostava de ver a perícia dos amigos e a quantidade de pessoas que os procuravam. Vige, manhinha! Quanta gente querendo fugir do trabalho! Mas não os culpava, afinal, passar mais de 200 dias no ano trabalhando enquanto a praia de Ipanema estava cheinha de gente (principalmente do sexo feminino) devia ser mesmo um horror!
Mas deixando de lado os entretantos e indo direto aos finalmente, o rapaz ficou sabendo que para chegar à terra dos eleitos precisava se filiar a outro tipo de Associação. Dessa vez não seria coisa de carteirinha de estudante não! Era coisa muito maior com sigla e tudo! Tratou de fazer sua filiação no Partido do eu Quero Picaretagem (PQP), único que tinha legenda no momento, mas depois pensaria nisso. Afinal, se filiar ao partido era só para conseguir entrar mesmo! Passou então a freqüentar as reuniões que aconteciam sempre às sextas-feiras em um bar cheio de moças de boas famílias que ficava num lugar chamado de Lago Oeste, perto de uma tal Casa da Sogra, ou algo parecido.
Em uma dessas festas conheceu um cara muito parecido com ele, só era um pouco mais velho. Os dois ficaram logo amigos. O nome do cara era Fernando e ele estava a um passo de entrar para o cargo mais alto do Distrito sem Lei. Fernando ia ser xerife! Puxa, vida que inveja! Xerife de toda aquela terra, de toda aquela gente. O jovem ficou encantado em conhecer tal figura. Ele não sabia que seus destinos seriam entrelaçados para sempre em um futuro bem próximo.
Saiba nos próximos capítulos como o futuro monarca consegui se eleger.
Qualquer semelhança com fatos ou pessoas reais terá sido mera coincidência.
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