Por Carlos Gilberto Triel
Rádio Tropical AM 830, sexta-feira, 10 horas, o operador orienta a produção para o início de mais um programa.
A luz vermelha é o aviso de que está no ar, o Perfil da Baixada, com Bebel Barbosa, que enrola as mangas da camisa ensaiando o melhor dos sorrisos para os internautas:
- Bom dia ouvintes, começa agora esse que é o verdadeiro canal de comunicação duma região que tem tudo para ser um Estado forte e independente.
- Mas não posso iniciar o programa sem antes ouvir aquele que é a maior audiência que esse microfone já conheceu: Bom dia meu amigo, Hugo Roxo!
Hugo Roxo, a voz de quem realmente é o cara:
- Bom dia Bebel Barbosa, bom dia Michel, bom dia a você que todos os dias nos prestigia com sua audiência.
Bebel Barbosa:
- Hugo, pra variar, diga alguma coisa da cidade de Belo Roxo.
Hugo Roxo:
- Bebel, o prefeito Rola Rolinha quer fazer o toque retal nas galinhas da cidade.
Bebel Barbosa, pego de surpresa:
- Toque retal nas galinhas!? Fala sério!
Hugo Roxo, a verdade nua e crua:
- O prefeito acha que a população mais pobre deve mandar o dedo em suas galinhas.
Bebel Barbosa, incisivo:
- Vamos por parte. O prefeito Rola Rolinha quer patolar qual tipo de galinha?
Hugo Roxo, corrigindo as penas:
- Não é pato. São galinhas, franguinhas tenras, essas que pões ovos...
Bebel Barbosa, claro e objetivo:
- Eu não falei pato, eu falei patolar, é diferente.
Hugo Roxo, ao pé da letra e do pato:
- Mesmo assim está errado. O elemento pato não é verbo para você conjugar.
Bebel Barbosa, indulgente:
- Vá lá que seja; patolar seria galo com galo.
Hugo Roxo, altivo e pomposo:
- O Rolinha, quer que o dedo maior de todos, respeitosamente chegue às partes pudendas das galinhas.
Bebel Barbosa, irreverente:
- Oh! Quanto respeito! Que sujeito sensato!
Hugo Roxo, a descrição:
- Infelizmente é assim o exame da galinha gestante em trabalho de parto. Então se protege o ovo dos predadores como gambás, lagartos, e cães vira-latas.
Bebel Barbosa, a crítica mordaz:
-A zona rural de Belo Roxo não tem lá tanta galinha para que um chefe do executivo perca tempo com essas idiossincrasias.
Hugo Roxo, a revelação bombástica:
- A área rural pode ser modesta, mas a galinhagem cresceu incontrolavelmente, inclusive na periferia.
Bebel Barbosa, inquisitivo:
- Baseado em quais estatísticas, você diz isso? Hoje ninguém mais cria galinhas em casas e, muito menos em apartamentos.
Hugo Roxo, didaticamente prático:
- Há controvérsias. Na relação custo e benefício, quando o galinheiro é forte, as galinhas são generosas e, dão lucros.
Bebel Barbosa, surpreso e admirado:
- Eu morria e não sabia do quanto você entende de galinha!
Hugo Roxo, empolgado, expõe a visão macroeconômica:
- Bebel, galinhas são comidas neste país a todo o instante. Dou ao Rola por sua grandeza parabéns pelo pré-natal das penosas.
Bebel Barbosa, irônico:
- Dê ao Rola o que você quiser. Onde já se viu um prefeito preocupado com meia dúzia de galinhas safadas!
Hugo Roxo, não gostou e replicou:
- Que isso, Bebel! É feio chamar grávidas de safadas!
Bebel Barbosa, perplexo:
- Eu não falei de gente. Falei de galinhas; e safada é força de expressão.
Hugo Roxo, e o seu ponto de vista:
- Safada é a colega da galinha que faz bobices e saliências.
Bebel Barbosa, sentindo que está entrando numa furada:
- Ô Hugo, deixe de conversa, quem disse que a população galinácea fugiu ao controle foi você.
Hugo Roxo, se distrai com o toque do celular e:
- Jamais diria que a copulação da Dona Inácia perdeu o controle. Eu, pessoalmente nem conheço essa D. Inácia.
Bebel Barbosa, estarrecido:
- Você está maluco! Eu não falei de copulação nenhuma da Dona Inácia, você está me acusando de coisas que não falei.
Hugo Roxo, confusamente surpreso:
- Como não, seu pai de santo! Você acabou de dizer que a coitadinha da Dona Inácia anda fazendo sexo sem controle.
Bebel Barbosa, de queixo caído:
- Eu falei GA-LI-NÁ-CEA, nada haver com Dona Inácia.
Hugo Roxo, sorriso sarcástico:
- Não vem que não tem Bebel. Você disse que não se cria mais galinha em casa e nem em apartamento. Então se cria aonde? Na zona?
Bebel Barbosa, suspirou fundo, pediu os comerciais, virou-se para o Hugo:
- Hugo, quer saber de uma coisa, vá a merda!
Nota do Autor: A historinha acima é criação livre e fictícia, o texto é uma homenagem aos comunicadores do Perfil da Baixada, a maior audiência da Rádio Tropical na radio AM na Baixada e Zona Oeste do Rj.
Carlos Gilberto Triel é jornalista. Ouça a oração da Ave Maria de 2ª a 6ª feira 17:50hs Rádio Tropical 830AM. www.tropical830am.com.br
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