24.8.11

"TUDO PELAS GALINHAS"

Por Carlos Gilberto Triel

Rádio Tropical AM 830, sexta-feira, 10 horas, o operador orienta a produção para o início de mais um programa.

A luz vermelha é o aviso de que está no ar, o Perfil da Baixada, com Bebel Barbosa, que enrola as mangas da camisa ensaiando o melhor dos sorrisos para os internautas:

- Bom dia ouvintes, começa agora esse que é o verdadeiro canal de comunicação duma região que tem tudo para ser um Estado forte e independente.

- Mas não posso iniciar o programa sem antes ouvir aquele que é a maior audiência que esse microfone já conheceu: Bom dia meu amigo, Hugo Roxo!

Hugo Roxo, a voz de quem realmente é o cara:

- Bom dia Bebel Barbosa, bom dia Michel, bom dia a você que todos os dias nos prestigia com sua audiência.

Bebel Barbosa:

- Hugo, pra variar, diga alguma coisa da cidade de Belo Roxo.
Hugo Roxo:

- Bebel, o prefeito Rola Rolinha quer fazer o toque retal nas galinhas da cidade.

Bebel Barbosa, pego de surpresa:

- Toque retal nas galinhas!? Fala sério!

Hugo Roxo, a verdade nua e crua:

- O prefeito acha que a população mais pobre deve mandar o dedo em suas galinhas.

Bebel Barbosa, incisivo:

- Vamos por parte. O prefeito Rola Rolinha quer patolar qual tipo de galinha?

Hugo Roxo, corrigindo as penas:

- Não é pato. São galinhas, franguinhas tenras, essas que pões ovos...

Bebel Barbosa, claro e objetivo:

- Eu não falei pato, eu falei patolar, é diferente.

Hugo Roxo, ao pé da letra e do pato:

- Mesmo assim está errado. O elemento pato não é verbo para você conjugar.

Bebel Barbosa, indulgente:

- Vá lá que seja; patolar seria galo com galo.

Hugo Roxo, altivo e pomposo:

- O Rolinha, quer que o dedo maior de todos, respeitosamente chegue às partes pudendas das galinhas.

Bebel Barbosa, irreverente:

- Oh! Quanto respeito! Que sujeito sensato!

Hugo Roxo, a descrição:

- Infelizmente é assim o exame da galinha gestante em trabalho de parto. Então se protege o ovo dos predadores como gambás, lagartos, e cães vira-latas.

Bebel Barbosa, a crítica mordaz:

-A zona rural de Belo Roxo não tem lá tanta galinha para que um chefe do executivo perca tempo com essas idiossincrasias.

Hugo Roxo, a revelação bombástica:

- A área rural pode ser modesta, mas a galinhagem cresceu incontrolavelmente, inclusive na periferia.

Bebel Barbosa, inquisitivo:

- Baseado em quais estatísticas, você diz isso? Hoje ninguém mais cria galinhas em casas e, muito menos em apartamentos.

Hugo Roxo, didaticamente prático:

- Há controvérsias. Na relação custo e benefício, quando o galinheiro é forte, as galinhas são generosas e, dão lucros.

Bebel Barbosa, surpreso e admirado:

- Eu morria e não sabia do quanto você entende de galinha!

Hugo Roxo, empolgado, expõe a visão macroeconômica:

- Bebel, galinhas são comidas neste país a todo o instante. Dou ao Rola por sua grandeza parabéns pelo pré-natal das penosas.

Bebel Barbosa, irônico:

- Dê ao Rola o que você quiser. Onde já se viu um prefeito preocupado com meia dúzia de galinhas safadas!

Hugo Roxo, não gostou e replicou:

- Que isso, Bebel! É feio chamar grávidas de safadas!

Bebel Barbosa, perplexo:

- Eu não falei de gente. Falei de galinhas; e safada é força de expressão.

Hugo Roxo, e o seu ponto de vista:

- Safada é a colega da galinha que faz bobices e saliências.

Bebel Barbosa, sentindo que está entrando numa furada:

- Ô Hugo, deixe de conversa, quem disse que a população galinácea fugiu ao controle foi você.

Hugo Roxo, se distrai com o toque do celular e:

- Jamais diria que a copulação da Dona Inácia perdeu o controle. Eu, pessoalmente nem conheço essa D. Inácia.

Bebel Barbosa, estarrecido:

- Você está maluco! Eu não falei de copulação nenhuma da Dona Inácia, você está me acusando de coisas que não falei.

Hugo Roxo, confusamente surpreso:

- Como não, seu pai de santo! Você acabou de dizer que a coitadinha da Dona Inácia anda fazendo sexo sem controle.

Bebel Barbosa, de queixo caído:

- Eu falei GA-LI-NÁ-CEA, nada haver com Dona Inácia.

Hugo Roxo, sorriso sarcástico:

- Não vem que não tem Bebel. Você disse que não se cria mais galinha em casa e nem em apartamento. Então se cria aonde? Na zona?

Bebel Barbosa, suspirou fundo, pediu os comerciais, virou-se para o Hugo:

- Hugo, quer saber de uma coisa, vá a merda!

Nota do Autor: A historinha acima é criação livre e fictícia, o texto é uma homenagem aos comunicadores do Perfil da Baixada, a maior audiência da Rádio Tropical na radio AM na Baixada e Zona Oeste do Rj.

Carlos Gilberto Triel é jornalista. Ouça a oração da Ave Maria de 2ª a 6ª feira 17:50hs Rádio Tropical 830AM. www.tropical830am.com.br


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