19.8.11

"MODUS VIVENDI"

Por Carlos Gilberto Triel

No filme Muito Alem do Jardim, Chance (Peter Sellers) é um jardineiro de 60 anos, que não sabe ler e nem escrever, não tem nenhum documento de identidade e, tudo que conhece sobre o mundo aprendeu com a televisão.

Quando seu patrão morre é despejado da casa onde nasceu e viveu. O destino lhe põe na mansão de um empresário rico e politicamente poderoso. O anfitrião, no leito de morte, e a bela esposa (Shirley MacLaine) ficam encantados com aquele homem de sinceridade desconcertante.

Em determinado momento do enredo, o milionário recebe a visita de nada mais, nada menos, do que presidente dos Estados Unidos, que também acaba se impressionando com o jardineiro.

A partir daí, tudo o que Chance fala, e até mesmo quando se cala, é visto alem das formas de percepção. Cada ação isolada do jardineiro se apresenta à consciência de cada um que cruza o seu caminho como algo genial. E o homenzinho vai parar no programa de maior audiência da TV Americana.

De certa forma, assim era o perfil que Brizola representou naquele início dos anos 80. Um estranho para aquela geração, porem contundentemente admirável pelas peculiaridades de um velho homem novo que se mostrava quando debatia com Moreira Franco, Sandra Cavalcanti e Miro Teixeira.

Ora, o jardineiro Chance era um idiota, nada haver com a presença voluntariosa e inteligente do gaucho. Mas, nem sempre foi assim, naturalmente Brizola se moldou progressivamente em cada idade da vida, brigão, irado e, enfim, a notória calma e reflexão no discurso, não é verdade?

Quando queria diferenciar sua origem trabalhista em relação a um ou outro adversário político, costumava dizer que, ele, Leonel de Moura Brizola veio de longe, e que o antagonista, não passava de um filhote de ratazana, gordo, cevado pela ditadura.

E analisando rigorosamente o quê que o casal de prefeitos fez pela Saúde do povo de Nova Iguaçu, desde o dia em que substituiu Lindberg Farias, se chega à conclusão de que o resultado tem a mesma proporção tímida dos votos recebidos neste século, não é verdade? Claro que é a verdade.

Daí o marasmo ao conduzir uma cidade suja, sem um discurso arrojado às mazelas do antecessor e, receoso em melindrar quem afinal de contas, o ressuscitou para a sobrevida política; e se sucumbir em 2012 nos trilhos de um capricho, não tem mais para onde ir.

E há que se lembrar da prefeita, a imitar Brizola usando o mesmo lencinho maragato, como a dizer que também veio de longe e, que agora dedica o terço da existência, seja com as amolações da turma dos valores agregados, ou o tédio dos dias a se perpetuar como inútil à Saúde na história da cidade.

Carlos Gilberto Triel é jornalista. Ouça a oração da Ave Maria de 2ª a 6ª feira 17:50hs Rádio Tropical 830AM. www.tropical830am.com.br




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