4.6.07

É, né

Abaixo segue o artigo do Marcos Aurélio sobre a cobrança de R$ 2 para quem desejasse participar do Arraial da Ajuda.

Arraial dos Judas



Marcos Aurélio*


Há determinadas coisas que só existem no Brasil: a formiga saúva e a jabuticaba são indiossincracias brazucas e ninguém tasca. Nova Iguaçu, em tempos lidberguianos, estabeleceu também sua característica única: a rua pública cercada e tarifada.
Explico: na sexta-feira, dia 01 de junho, ocorreu o chamado “Arraial da Ajuda”, na Rua José Luiz Brigagão, no lado nobre de Nova Iguaçu. Acontece que para a realização do evento patrocinado pelo dinheiro público e localizado em logradouro público, algum "gênio" assecla do nosso trepidante prefeito teve a infeliz idéia de cercar a rua para cobrar ingresso. Isso mesmo! Cobrar ingresso de R$ 2,00 pelo constitucional direito de ir e vir. Primeiramente estatizaram a referida rua com opressivos tapumes e depois privatizaram-na para um evento que vai ajudar não se sabe quem.
Não discuto a ilegalidade, até porquê ela está latente, e alguma manobra pode servir a encobrir e disfarçar o cheiro do trambique. Discuto a imoralidade da situação. Nunca, em minha vida boêmia, presenciei ato tão esdrúxulo. Fui a shows de rua, de praia, ou seja, locais públicos e ninguém teve a idéia de cobrar ingresso. Se a intenção era arrecadar com bilheteria, fizessem um espetáculo fechado, em local particular, onde seria legal e legítimo esse tipo de cobrança, mas na rua não! É o cúmulo da patifaria imbricada com a incompetência.
Mas, a esperteza se demonstrou contraproducente. Dezenas de pessoas se recusaram a pagar para entrar na festa de rua. Além de imoral e ilegal, o cerramento se consumou antipático e diametralmente oposto ao bem governar, o que parece não ser a intenção dessa administração.
Alerto aos administradores (in)responsáveis de nossa Vila de Maxabomba que o fato de um bem ser público, não quer dizer que ele não é de ninguém, muito menos que ele é do governo, e que esse pode dispor ao seu bel prazer. O bem público pertence ao povo e esse deve ser sempre respeitado e consultado. O limite da administração é a lei, e esse deve ser o firme fundamento das democracias. Fora da lei não há salvação.

Senhor Lindberg, tenha pulso! Desça do palanque e governe Nova Iguaçu, pois o nosso povo tão sofrido está cansado de tanto oba-oba, de tanto desmando. O senhor de cara pintada que foi, achou por bem decorar o rosto dos iguaçuanos de cores vivas que fariam sucesso em algum circo. Nosso povo não é palhaço. Basta!


PS: O título acima é idéia dos próprios populares que ficaram indignados com a cobrança. Falando de Judas, será que os iguaçuanos vão malhar o seu nas próximas eleições? O grande problema é que sempre tem outros Judas sobressalentes daqui mesmo. Pobre Iguaçu, tão longe do Cristo e tão perto do inferno.



* Professor e sociólogo

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