5.5.09

Legião de esquecidos, surdos e cegos

Poucas pessoas sabem, mas a Baixada Fluminense, com aproximadamente 3,8 milhões de habitantes, é uma região com uma população superior a de 14 estados federados. São eles: Paraíba; Espírito Santo; Amazonas; Alagoas; Rio Grande do Norte; Piauí; Mato Grosso; Brasília; Sergipe; Rondônia; Tocantins; Acre; Amapá e Roraima. Tais dados podem ser constatados no IBGE. A notícia que nos chega é a que o jornal O Dia fechará a sua sucursal na região. Isso é grave, sobretudo quando observamos o que vem acontecendo nos últimos anos em termos de veículos de comunicação.

Recentemente o jornal Correio da Baixada, do grupo Monitor Mercantil, deixou de circular. Segundo algumas informações que apuramos, a principal decisão de dar fim ao jornal foi a falta de anunciantes. No entanto, aqueles que acompanharam o ressurgimento deste veículo e o seu segundo sepultamento, acreditam que foi a estratégia de distribuição e o pouco tempo para as equipes apurarem as informações que resultaram na falta de interesse dos anunciantes.

Como se sabe, o jornal Correio da Lavoura, no auge dos seus 92 anos de circulação semanal ininterrupta, passa por sérias dificuldades financeiras, fruto de calote do governo Lindberg Farias (PT). No entanto, como diz o seu editor-chefe, Robinson Belém de Azeredo, continua valente o velho hebdomadário e por isso acreditamos que este acervo sobre a Baixada Fluminense continuará resistindo.

Mas, voltando a falar da densidade demográfica da região, lembramos que a principal economia que sustenta a Baixada Fluminense é o comércio varejista e o de prestação de serviços, ambos com características dos principais anunciantes. Mas, mesmo assim, os três jornais diários que circulam na Baixada têm poucos anunciantes destes setores. Talvez, por essa mesma razão, não existe na região uma repetidora de TV, como existe em outras regiões do estado, como a Costa Verde, por exemplo. Aliás, na TV a Baixada conta com pouco espaço, salvo o programa Fala Baixada. Rádios legalizadas, poucas também.

O programa CBN RIO faz jus ao nome. Notícias sobre a Baixada Fluminense só quando o assunto é violência ou uma ou outra catástrofe de origem da natureza. Tanto as TVs e rádios fazem da Capital uma vitrine para os nossos olhos e musical para nossos ouvidos. Notícias sobre a Baixada ficam condicionadas à violência ou a enorme carência e dívida social que se acumula a cada governo.

O jornal Extra, principal concorrente do O Dia, deixava um repórter de plantão em uma pequena sala onde era considerada uma sucursal. No entanto os profissionais que ocupam a sala são agenciadores de publicidade que lotam as páginas do caderno de domingo destinado à região. Na verdade, creio que há mais páginas de anúncios que as de noticiários. Gastronomia é assunto corriqueiro na busca pela publicidade.

Os jornais periódicos publicam mais releases que noticiários críticos e ou independentes. Sofrem igualmente com a falta de publicidade e se transformam correias de transmissão dos governos. Não são todos, mas grande parte.

Receber a notícia de que o jornal O Dia fechará a sucursal Baixada é ter a certeza de que cada vez mais ficaremos órfãos do que chamamos de opinião pública. Fatos que acontecem em longa escala se transformarão em fatos segredados a poucos. Seremos legião de esquecidos, surdos e cegos.

2 comentários:

Unknown disse...

Mais o Jornal perdeu mt de uns ano para ca, nao tem mais informação interessante, nem baixada, nem rio, nem mundo...
O jornal Extra tem muito mais informaçoes que O Dia. eles se acomodaram por isso que esta sendo fechado, resolveram economizar folha.... acabou economizando demais

Tigu Guimarães disse...

Estimado Almeida: Acho que , a partir do seu texto, se deve fazer uma análise sem paixoes e com muita paixao. Estando este tempo vivendo na espanha, seis anos, aqui cada vez percebo o valor que tem o "regionalismo" e tb do perigo que isso pode representar. No nosso caso, sim, sou baixadense, "iguasuino", como diria Ney Alberto, e pago alguns impostos , ainda, na cidade, temos quase o mesmo problema que tem o México com os EUA..."Tao longe de "deus" e tao perto dos EUA."..no nosso caso sería: "tao longe de "deus" e tao perto do RJ"...Mesmo com alguns problemas que podem trazer um "regionalismo", enquanto a Baixada nao ser ver como uma potencia, como uma regiao, nao será respeitada NUNCA, o que digo é um lado, tem outro lado tb, que nao necessariamente agradavel. Tenho o maior respeito pelo CL mas..faz muito tempo que nao existe uma Lavoura na baixada e muito menos em NI...E com TODO o respeito acho que temos que ver e registrar importancias historicas e aí entra, em primeiro lugar, o CL...e em serio..acho que aí a solucao é, antes que se perca, digitalizar e disponibilizar na internet para futuras geracoes toda a historia que o CL resgistrou...sei que nao é nada símpatico falar isso, mas assim o vejo..como assim, te comente uma vez, que este espaco criado por vcs sim pode vir a ser a "novidade" jornalisticamente falando...infelizmente, e desculpeme se parece arrogante, se a baixada nao cria uma essencia de ser "alguem", nao esperemos que os que vem de fora vao respeitar esta regiao e , consequentemente, a populacao. Todo mundo aparece na baixada para eleicoes de governador, os votos da baixada sao decisivos, do estado do RJ..e depois??? Reprisando uma cancao sobre o nordeste...E se a baixada fosse uma nacao???ou um Estado??? Deveriamos ver quanto se recada de impostos e se realmente se poderia "viver" desta recadacao e mandar ver..BAIXADA ESTADO. nao digo aqui que as iniciativas de varios jornais na baixada tenha sido de derespeito. Estará aberto o debate???? Lembra que o prefeito atual( eu até pensei que era em serio...) comecou a sua campanha dizendo que o RJ deveria pagar mais impostos pela agua que chega lá saindo da baixada??? Agua nos EUA é ouro..e pode sim fazer desenvolver muito a regiao onde se a tem abundantemente.
Saudacoes desde madrid.
Tigu