Por Carlos Gilberto Triel
A chave para compreensão da repulsa ao PDT em Nova Iguaçu pode, de certa forma, ser encontrado na ficção do cinema americano: As viagens no tempo.
Em “O Grande Ditador”, Charlie Chaplin bem que tentou avisar a humanidade do perigo que representava Adolf Hitler. Seu filme ficou mais de dois anos vetado nos Estados Unidos. As razões políticas da proibição terminaram após o ataque japonês a base naval de Pearl Harbor.
Mas aí já era tarde demais. A máquina do tempo e o passageiro Chaplin não conseguiram interferir no curso da história. E deu no que deu.
Mais ou menos 40 anos depois o Brasil saia lentamente de uma ditadura militar. Os Menudos rebolavam e pediam: Não se reprima - e Rick Martin demorou por volta de uns 20 para confessar que mordia a fronha.
Erasmo Carlos mais sincero abriu o canto a favor do travesti Roberta Closet.
Pelas ruas o povo cantava com o lateral Junior do Flamengo e da Seleção Brasileira: “Voa Canarinho, voa”. E voou tão alto que o Brasil perdeu duas copas com o melhor futebol de sua história.
O humorista Chico Anísio testemunhou a gestação do ovo da serpente e batizou de Tim Tones, um pastor cara de pau que passava a sacolinha e que acabou comprando uma rede nacional de televisão, inchando a religiosidade do país de tudo que é profano e torto.
Em 1981, em Nova Iguaçu, o advogado Paulo Leone pegou carona na popularidade de Leonel Brizola e do PDT e se elegeu prefeito. E foi exatamente a partir daquela eleição que a cidade parou no tempo e no espaço.
Veio uma sucessão de prefeitos que disputavam entre si quem era o menos medíocre. Depois de 14 anos no poder, o pavor ao lixo que se amontoava nas ruas era tanto que o povo com trauma de qualquer coisa que lembrasse lenço e camisa vermelha elegeria até um poste, não é verdade?
E o poste por duas vezes foi o burocrata Nelson Bornier que mesmo aplicado no dever de casa não conseguiu impedir a ascensão de um forasteiro canastrão que, segundo a jornalista Claudia Maria, não passava de um personagem.
O personagem foi embora e em seu lugar, viajantes daqueles tempos retornam a prefeitura de Nova Iguaçu tendo a esposa de um ex-prefeito do PDT, também forasteiro, como titular do cargo.
Sheila Gama na foto oficial da posse lembrava a esfinge do decifra-me ou te devoro. Disseram que esqueceu a bússola da auto-estima ao dizer que seguiria a mesma política do seu antecessor. Muitos ouviram, mas não viram.
Nem que fosse doida. Toda aquela rasgação de seda era uma forte tensão aliada ao medo de que na última hora o ainda prefeito Lindberg caísse na real, roesse a corda da forca e não mais renunciasse.
Passado o susto, ou Sheila Gama põe freios éticos nessa presunção do domínio de seu antecessor em se agarrar insanamente à pasta da Educação, ou no futuro será arrolada como co-responsável dos fatos delituosos que a grande imprensa passou a denunciar exatamente nessa área.
O destaque ficou por conta da cobrança à Secretaria de Segurança do Estado, da prisão dos assassinos de um amigo. E a esse destemor se enquadra uma frase atribuída ao primeiro ministro Sir Winston Churchill em que dizia que na Inglaterra os homens de bem tem a mesma coragem dos bandidos.
Chegou à hora de Sheila Gama deixar de lado o vocabulário das amabilidades e, dizer francamente aos atuais vereadores, ensurdecidos pela consciência de discernir o que seja humano e moral, que aprovar malversação das verbas da saúde é coisa muito feia, séria e dá cadeia.
Poder-se-á também dizer que o efeito Arruda propicia os meios necessários para alcançá-los pelos danos irreversíveis a saúde pública, sobretudo, quando o silêncio desses devotados de si mesmos endossaram o prontuário da vida e da morte.
O principal obstáculo ao seu governo será o seu próprio marido, o ex-prefeito Aluisio Gama, que antes de se dizer socialista moreno do PDT estudou com Chagas Freitas o valor sofisticado da política da bica d’água para os momentos decisivos da vida.
E Aluisio Gama pôs em pratica a lição quando importou ao dia seguinte à sua nomeação, o recém ex-prefeito Juberlan de Oliveira, que havia deixado uma lixeira a céu aberto em Duque de Caxias, direto para a secretaria de Educação de Nova Iguaçu.
Sheila Gama, talvez por esse companheiro tão refinado nas indicações de cargos, ser-lhe-á difícil fazer da meritocracia uma dinâmica de gestão, assim como fez Aécio Neves que deixou Minas Gerais com 92% de aprovação popular.
Mas nem tanto ao mar nem tanto ao Guandu, mas caso se opusesse em 50% a esse sistema do estamento burocrático, que são as indicações políticas dos balaios de gatos, não só se reelegeria com folga e de quebra o resgate da imagem abominável que ficou do PDT em Nova Iguaçu.
E se insistir no loteamento de quadros aos pregos e acumpliciados em detrimento dos indicadores sociais, econômicos e educacionais - a exemplo de Mário Marques vai esquentar o lugar para os novos Lindberg’s da vida. O que seria uma pena depois de tanto barulho por nada.
Carlos Gilberto Triel é jornalista e o apresentador da Oração da Ave Maria, Segunda a Sexta-Feira 17:45 hs e do quadro “Quem Eles Pensam que Somos” no programa Perfil da Baixada 10:30 hs Rádio Tropical 830AM
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