Por Claudia Maria
Soube por esses dias que um dos locais visitados por minha juventude vai deixar de existir. Será mais uma foto apagada do passado de muita gente da minha geração. O Cine Verde, último cinema de calçada de Nova Iguaçu, teve o mesmo destino de outros como o Cine Iguaçu. No lugar da telona e das cadeiras de madeira onde nos equilibrávamos para ver grandes filmes como Dona Flor e seus dois maridos ou Embalos de Sábado à noite, vai dar lugar a uma loja de eletrodomésticos. Mais uma no calçadão iguaçuano já abarrotado de lojas e carente de centros culturais como o teatro Arcádia que também foi fechado.
Só de pensar, me dá um aperto no coração passar pela Praça da Liberdade e ver que o nosso Cine Verde não existe mais. Tantas coisas ficaram para trás na nossa cidade, tantas coisas que se foram junto como o nosso cinema. Até o poder de indignação das pessoas (que nem sabem mais o que significa dignidade) já não existe. Estamos cada vez mais acostumados a deixar “a vida nos levar”, assistir de camarote o assassinato diário de nossa Cultura e de nossa história. Enquanto isso, o pessoal que ainda se diz de esquerda se reúne nos bares mais novos e modernos para discutir Socialismo, palavra que também perdeu seu significado entre um charuto e outro, entre um gole de vinho e um petisco bem caro. Que pena! Que durma em paz o nosso Cine Verde e possa descansar junto com o laterninha, o bilheteiro e o vendedor de pipocas que tiveram que procurar outros empregos.
2 comentários:
É querida Claudia!!!
O mesmo pesar tenho quando lembro do Arcádia, cine Sants Rosa e o grande cine Pavilhão, que transmitia um programa de Rádio ao vivo aos domingos pela manhã, eramos visitados por muito artistas, e espetada na ditadura não faltava...Quanta saudade...
Fraternalmente.
Claudio Jeronimo.
Olha Cláudia, leio o Blog diariamente e desde já parabenizo pelas matérias e informações.
Mas sinceramente, há 20 anos atrás o Cine Verde era "O Cine Verde". Mas o tempo passou, o Cine Verde realmente não tinha condições estruturais e financeira de se manter ali. O conceito de um bom cinema está muito além do que o Cine Verde oferecia.
Vamos pensar no lado positivo: o dono do Cine Verde embolsou uma boa grana para ele gozar e a loja de eletrodomésticos vai gerar no mínimo 50 novos empregos.
Quero deixar bem claro que não estou em nenhum momento manifestando uma posição política, mas falar que pelo fato do Cine Verde ter fechado suas portas, "estamos assistindo de camarote o assassinato diário de nossa cultura", pra mim foi uma 'forçação de barra'.
Até!
Antonio Salles
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