25.8.08

"Carta-denúncia"

Confome publicamos anteriormente, segue cópia da carta-denúncia encaminha pelo Paulo César à Executiva Municipal do PT:
"Rio de Janeiro, 20 de agosto de 2008.

À
Executiva Municipal do Partido dos Trabalhadores de Nova Iguaçu


Ref.: Denúncia de crime de racismo e homofobia.

Prezados/as Companheiros/as,

Venho, pelo presente, apresentar aos/às integrantes da Executiva Municipal do Partido dos Trabalhadores de Nova Iguaçu denúncia de crime de racismo e homofobia praticado pelo candidato a vereador Anderson Batata.

As ofensas criminosas aconteceram durante a gravação do programa de tv dos/as candidatos/as a vereador/a dos partidos que apóiam a reeleição de Lindberg à prefeitura de Nova Iguaçu, conforme relato abaixo.

Por determinação da coordenação de campanha de Lindberg, eu, Paulo Cesar Nunes dos Santos (Paulinho), militante da campanha, e Luciana Pireda, integrante da Executiva Estadual do Partido dos Trabalhadores, ficamos responsáveis por organizar a gravação e acompanhar a edição das fitas de vídeo dos/as candidatos/as a vereador/a de todos os partidos que apóiam a candidatura de Lindberg. Para o início do trabalho, foi solicitado a todos os partidos que remetessem lista completa, contendo os nomes e números dos/as candidatos/as, bem como o tempo de exibição que caberia a cada um/a e a grade de aparição na tv.

De posse desse material, foi organizada a agenda de gravações, que ocorreram nos dias 14, 15, 16 e 17 de agosto, na produtora Expertise, localizada em Duque de Caxias. Os/as candidatos/as do PT estavam agendados/as para o domingo, 17/08, juntamente com os/as candidatos/as do PSB e do PTdoB.

Ao chegar na produtora para gravar a sua participação, o candidato Anderson Batata me comunicou que gravaria 11’’, ao contrário dos 7’’ que estavam informados por escrito pelo partido, porque o candidato César das Vans e Kombis abriria mão de seu tempo de 4’’ na tv em favor dele, Batata. Como o partido não havia nos informado nada sobre essa mudança, e entendendo que a divisão do tempo de tv é de responsabilidade dos partidos, solicitei que os candidatos em questão buscassem uma autorização formal da Executiva do PT, a fim de que não restassem dúvidas sobre a legalidade da mudança que estava sendo proposta. Tal exigência visava a resguardar a mim e a Luciana de futuras cobranças sobre interferências indevidas na autonomia de cada partido para decidir sobre o tempo de aparição de seus/suas candidatos/as.

Para tentar garantir a mudança, os candidatos em questão convocaram o dirigente partidário Jurandir e mantiveram-se em reunião durante toda a tarde de domingo com Luciana, quando decidiram que seriam feitas duas gravações do candidato Batata, com 7’’ e 11’’, e uma do candidato César das Vans, com 4’’. Caso a Executiva do partido conseguisse se reunir na manhã de segunda-feira, dia 18 de agosto, até às 12h, e autorizasse formalmente a mudança dos tempos de exibição dos dois candidatos, iria ao ar o programa de 11’’ do candidato Batata e o programa de 4’’ do candidato César não seria exibido. Mesmo não tendo chegado a nossas mãos o documento assinado pela Executiva do PT, em confiança na informação recebida por Luciana de que a reunião tinha acontecido e aprovado a alteração na distribuição dos tempos, o primeiro programa dos proporcionais que foi ao ar na terça-feira, dia 19, exibiu o candidato Batata com 11’’ e não exibiu o candidato César das Vans.

Devido a um problema técnico gerado pela produtora do programa, todas as gravações realizadas no domingo tiveram que ser refeitas e nova rodada foi marcada para a terça-feira, dia 19 de agosto, com todos os/as candidatos/as dos partidos prejudicados, incluindo o PT.

Como Luciana tinha virado a noite acompanhando a edição da fita do programa que iria ao ar nesse dia, eu fiquei com a responsabilidade de coordenar sozinho as regravações do dia. Ao chegar para a gravação, o candidato Batata me comunicou que o seu tempo tinha passado para 15’’, pois além dos 4’’ do candidato César, ele faria uma permuta com o candidato Sodré, que também tem 4’’, somando assim os tais 15’’ que ele me informava. Ainda sem ter em mãos a ata assinada pela Executiva que legitimava essa nova alteração nos tempos de exibição do PT na tv, expliquei a ele que precisava desse documento para proceder à gravação dele. O candidato Batata ligou então para o dirigente partidário municipal Jurandir e me pôs para falar com ele no celular. Perguntei a Jurandir se a Executiva havia se reunido e se havia deliberado sobre a questão em tela. Ele me afirmou que a reunião teria acontecido e que havia ata assinada da mesma. Solicitei cópia da ata e fiquei tranqüilo em relação à mudança de tempo proposta para o candidato Batata.

Porém, para minha surpresa, logo após essa conversa com Jurandir, recebi uma ligação de Edir, também dirigente municipal do PT, me questionando sobre qual o tempo de gravação do candidato Batata. Relatei a ele todo o ocorrido até ali e ele me afirmou que a Executiva do partido não havia se reunido e que a divisão de tempo que devia vigorar era a que havíamos recebido impressa antes do início das gravações. Diante do impasse, pedi a Edir que ligasse para o Jurandir e depois me retornasse a ligação, dizendo, em nome da Executiva do partido, o que de fato prevaleceria. Minutos depois Edir me ligou e disse que, na conversa telefônica com Jurandir, ficou confirmado o que me dissera anteriormente, ou seja, de fato, não tinha ocorrido reunião da Executiva para tratar do tema e que prevalecia a orientação anterior, qual seja, o candidato Batata gravaria 7’’, o candidato César gravaria 4’’ e o candidato Sodré gravaria 4’’. Para evitar mais controvérsias em torno do tema, pedi ao Edir para conversar por telefone com a dirigente partidária municipal Cíntia, que acompanhava o candidato Batata na gravação, a fim de dirimir quaisquer dúvidas sobre o tema que ainda restassem.

A partir daí, orientei o diretor de imagens da produtora que o tempo de gravação do candidato Batata era de 7’’ e continuei organizando os/as demais candidatos/as para suas gravações. Porém, tão logo iniciou os procedimentos para a gravação do candidato Batata, o diretor me procurou para perguntar qual era de fato o tempo de gravação dele, pois o mesmo dizia, já dentro do estúdio, que gravaria 15’’. Dirigi-me, então, ao estúdio, para resolver a nova controvérsia. Disse ao Batata que, conforme informado pelos dirigentes consultados, o tempo correto do candidato era de 7’’, e era esse tempo que ele gravaria. Reafirmei essa orientação ao diretor e voltei à tarefa de organizar a gravação dos/as demais candidatos/as.

Tão logo termina sua gravação de 7’’, o candidato Batata sai do estúdio aos berros, totalmente alterado, dizendo “Seu viadinho, tu vai ver só!”. Eu, assim como todos os presentes, levamos um susto, pois o tom de agressividade do candidato era, de fato, tão assustador quanto injustificável.

Entendendo que suas ofensas eram a mim dirigidas, argumentei com ele que deveria ir para a rua em busca de eleitores, ao invés de tentar atrapalhar o trabalho de gravação dos/as demais candidatos/as, o que também prejudicava a campanha majoritária. Insensível ao meu apelo, o candidato continuou com seus impropérios, ameaças e graves ofensas, afirmando com ênfase agressiva que “...esse crioulo viado vai ver...” e similares. Enquanto todas as pessoas presentes no recinto, candidatos/as, assessores/as e técnicos envolvidos na gravação, permaneciam entre estupefatos e chocados com o triste espetáculo patrocinado pelo candidato, a dirigente Cíntia caiu em prantos, pedindo ao candidato que cessassem suas agressões verbais e ameaças. Então, o candidato finalmente esgotou o seu imenso repertório de ofensas e agressões e retirou-se do local, acompanhado de seus assessores.

Ainda atônito com tamanho destempero do candidato Batata, tentei retomar a rotina das gravações, o que só foi possível depois de alguns minutos de manifestação dos presentes. Todos, indistintamente, se mostraram chocados com a agressividade do candidato e manifestaram irrestrita solidariedade a mim, entendendo que a atitude do candidato em nada somava para a campanha majoritária ou para a campanha dos proporcionais. Alguns candidatos presentes, como Washington Luis e Flávio do PT, são testemunhas dos fatos relatados.

As gravações prosseguiram até às 10 horas da noite, seguidas de reuniões para determinar a solução dos problemas técnicos apresentados no programa exibido naquele dia, as quais vararam a madrugada, numa demonstração inequívoca de meu compromisso e de Luciana com o êxito da campanha dos/as candidatos/as a vereador/a de todos os partidos da coligação.

Esse detalhado relato pretende demonstrar que as agressões e ofensas a mim dirigidas pelo candidato Batata deveram-se, única e exclusivamente, ao meu empenho em fazer prevalecer a decisão partidária em relação à divisão de tempo dos candidatos a vereador do PT. Não era meu papel ou da Luciana definir os tempos dos/as candidatos/as, mas apenas garantir a gravação nos tempos estabelecidos pelos partidos. Ressalte-se que, afora esse lastimável incidente, nenhum outro/a candidato/a ou partido criou qualquer tipo de questionamento ou dificuldade para a gravação dos programas.

Entendo que o PT, partido cuja longa história de vida, lutas e vitórias é do conhecimento e vivência de todos os/as companheiros/as, não pode abrigar em sua nominata de candidatos pessoas que não compartilhem de ideais mínimos de sociabilidade, onde deve imperar o respeito às diferenças. Discriminação de qualquer espécie não combina com o espírito democrático que impera no partido. O PT não pode ser representado no parlamento municipal de Nova Iguaçu, ou mesmo no executivo municipal, por pessoas que dão demonstrações públicas de racismo e homofobia.

Esta denúncia tem por objetivo informar os/as dirigentes partidários do ocorrido, para seu pleno conhecimento e tomada das providências que julgarem necessárias para o caso, independentemente das medidas legais cabíveis que eu venha a adotar em relação ao crime cometido.

Certo de sua atenção e sem mais para o momento, despeço-me atenciosamente.



Paulo Cesar Nunes dos Santos"
Obs.: Este Blog vê que o caso é muito crítico e de profundo pesar. Com a palavra, o Batata...

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