Nota do Paulo Cézar Pereira

Caro Almeida/Claudinha,




Como é do conhecimento público, a diocese de Nova Iguaçu me convidou para fazer um projeto de comunicação sobre o ano jubilar, cujas comemorações começaram na última sexta-feira com um show do padre Zezinho, popstar dos católicos, na quadra da Beija-Flor de Nilópolis. Acompanhado de d. Luciano Bergamin, nosso querido bispo, visitei fontes de recursos das áreas privadas e públicas em busca de financiamento para as diversas etapas do projeto - um livro,um filme,uma exposição fotográfica, uma revista, banners,cartazes e iluminação especial em sete igrejas, uma em cada uma das sete cidades que integram a região da diocese: além de Nova Iguaçu, Belford Roxo, Nilópolis, Queimados, Japeri, Paracambi, Nilópolis e Mesquita.


Visitamos o governador Sérgio Cabral, o presidente da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, Jorge Picciani, os prefeitos, vereadores e alguns empresários. Estive algumas vezes em Brasília para tocar este projeto. A Petrobrás virou parceira, o governo do estado idem e a Alerj decidiu patrocinar o livro. Só não estive, ao longo do processo de captação de recursos, com o prefeito de Nova Iguaçu, mas lá esteve o publicitário Gilberto Bacellar, profissional respeitado no mercado, com o qual a diocese de Nova Iguaçu assinou um contrato para captação de recursos e produção das peças. Não fui ao gabinete dele para evitar constrangimento de ambas as partes.


Para não cansar os leitores deste blog vou direto ao assunto: à exceção de Nova Iguaçu e de Japeri, as demais cidades colaboraram financeiramente com o projeto. O prefeito Timor, evangélico de carteirinha, ficou de ajudar " assim que puder". Mas o de Nova Iguaçu, não: prometeu aos padres, aos seus secretários e aos vereadores (aos quais submeteu e aprovou, a pedido do bispo, uma mensagem pedindo autorização para contribuir com os festejos do jubileu de ouro) que era "questão de honra" honrar este compromisso como prefeito.


Três meses depois, no último sábado, dentro da catedral de Santo Antônio de Jacutinga, após a celebração da missa de ação de graças pelos 50 anos da diocese, pedi ao então secretário de Fazenda, Carlos Ferreira, que intercedesse junto ao prefeito para que fosse liberada a ajuda aprovada pela Câmara dos Vereadores. Expliquei ao secretário as nossas dificuldades para tocar o projeto sem a participação efetiva de Nova Iguaçu. Educado, Ferreira me disse que faria gestões junto ao prefeito.


Como o prefeito de Nova Iguaçu, que só entrou na catedral no meio da leitura do Evangelho, subiu ao altar para fazer fotos com duas adolescentes depois da missa, tomei coragem e cobrei dele a liberação dos R$ 70 mil. Disse-lhe que não ficava bem, para a cidade que administrou ( ?) até horas atrás, dar um calote na diocese. No altar, olhando sem parar para os padres e bispos, ele me garantiu que era "questão de honra" pagar a cota de patrocínio e que era para ninguém se preocupar porque "até quarta-feira" o dinheiro estará liberado. Estava nervoso diante da cobrança em pleno altar.


Hoje é quarta-feira, o espertalhão largou a prefeitura de Nova Iguaçu, milhões em dívidas e deixou a diocese com o pires nas mãos. A dívida,agora, é de Sheila Gama. Mais uma , né ? Pobre Nova Iguaçu.


Paulo Cezar Pereira, 58 anos, jornalista profissional, já escreveu três livros, teve um mandato popular em Belford Roxo nos anos 90 e atualmente é assessor de imprensa e consultor da Visibilidade, empresa que criou. Ele é um dos personagens que a Rede Bandeirantes de Televisão entrevista amanhã para falar da importância, para a Baixada Fluminense, dos 50 anos da diocese de Nova Iguaçu. Era amigo de d. Adriano Hipólito, o terceiro bispo de Nova Iguaçu e um dos heróis da resistência ao regime militar