Ética

Por Claudia Maria

Faço questão de começar pedindo desculpas pela demora na resposta e agradecendo ao Marcos pela gentileza e generosidade com que transmite seus conhecimentos que não são poucos.

No entanto, também começo tentando desconstruir essa idéia de que a ética na política é diferenciada e ponto final. A ética está diferenciada na política mas pode e deve mudar. Devemos começar essa mudança na nossa própria casa, na nossa família, na educação de nossos filhos. Por que a ética na política tem que ser diferente? Quando pensamos em nossos filhos queremos para eles a melhor educação e a melhor saúde, por que quando temos algum cargo político não pensamos isso para os filhos dos outros?
Nos acostumamos a aceitar essa prática como sendo a única. Mas não é. Não pode ser. Aceitar essa ética diferenciada é aceitar a corrupção. Aceitar que campanha é uma coisa e mandato é outra é outra distorção. Não ter que ser assim. Não podemos cruzar os braços e dizer: “não adianta. É ser ingênuo achar que isso pode mudar”. Não sou ingênua, podem acreditar. Mas, não posso simplesmente dizer que “todos sabíamos que o PT não falava a verdade quando dizia: o PT não rouba e não deixar roubar”. Isso também não é verdadeiro.
Vi gente chorar sinceramente de emoção quanto Lula ganhou o primeiro mandato. Tenho amigos no PT e sei que eles acreditavam realmente que muita coisa poderia ser modificada, inclusive o nível de corrupção. Muitos desses amigos saíram do partido quando perceberam que foram enganados e outros tantos continuam fingindo que nada aconteceu. Também não separo Lula do PT. Lula não inventou a corrupção mas também não fez nada para combate-la. Ele sepultou em muitos o sentimento de que as coisas poderiam mudar. É dele, e só dele, essa responsabilidade. Foi nele que as pessoas acreditaram.
Portanto, não posso julgar um bom presidente um homem que brincou com esse sentimento. Não posso agora culpar aqueles que acreditaram nele, dizendo apenas: “são uns tolos, deveriam saber que ninguém pode ser tão correto na política”. Culpo sim, Lula e seus assessores que nivelaram por baixo a política nacional, que sepultaram em grande parte dos brasileiros o sentimento de que a corrupção pode ser encarada e combatida de frente. A eles o meu desprezo a eles a minha promessa (verdadeira) de que vou lutar até o fim da minha vida contra a corrupção e quem a prega.
Entendo que Lula hoje tem 80% de aprovação porque a maioria dos brasileiros desistiu da luta. A maioria dos brasileiros acredita que não há mais como combater a corrupção já que o último baluarte (PT) caiu por terra. Por isso eles aceitam e aplaudem aquele que “rouba mais faz”. Lula virou o presidente “pelo menos”. “Pelo menos tem o Bolsa família” ou “pelo menos não privatizou a Petrobras”. Merecemos muito mais que um presidente pelo menos ou mais ou menos honesto. Ainda dá tempo de ensinar às gerações futuras que a política não tem que ter uma ética diferenciada. Termino com a frase de Jonh Lennon: “você pode dizer que sou um sonhador, mas não sou o único”.