15.3.07

Faca de dois gumes

Sempre considerei o ex-prefeito Nelson Bornier (PMDB) como um homem que sabe fazer política. Mas, o que deu nele para divulgar uma pesquisa neste momento? Seria um atrativo para os pré-candidatos a vereador? Confesso que não entendi. Vejamos motivo do meu não entendimento.
Há um clima muito forte na cidade e que dá conta de que Bornier seria imbatível numa disputa contra Lindberg Farias. Isso está escrito através dos números do Instituto Informa e divulgados hoje pelo jornal Hora H. No entanto, este clima pode ser prejudicial ao ex-prefeito. Seus cabos-eleitorais, movidos pelo sentimento do "já ganhou", podem relaxar nas ruas e rodas da política. Poderão demonstrar que Bornier não precisa de votos para ser eleito. Mas, são os votos que elegem.
Outro aspecto que não deu para entender. Com a divulgação da pesquisa, a lei da física entra em ação, ou seja: ação, reação. É claro que com a geração deste fato político, um outro fato político deverá ser gerado pelo seu oponente. Seja uma reação de dor ou ação mais extrema. Na agenda atual do prefeito, ir às ruas é o principal compromisso. Ele intensificará isso em razão da pesquisa. É inegável que Lindberg é bom de pedir votos. Quanto mais pede votos mais aumenta o seu sotaque e apelo de nordestino sofredor.
Pode ser que Nelson tenha lançado a pesquisa para atrair aliados, como disse ante, mas há outra forma de conseguir. Ele sabe que a costura acontece em escritórios situados no Rio de Janeiro, mas com aproximação dos diretórios municipais. Por exemplo: O PPS, hoje, está noivo do governo e com promessa de casamento. Por qual razão Nelson não volta a flertar com o PPS? Será que ele acredita que ex-esposa não pode falar mal do ex-marido?
Continuando sobre a questão dos números como atrativo para conquistar apoio, isso pode ser quebrado com facilidade por Lindberg Farias. Vocês lembram que ele era o lanterninha na campanha de 2004 e o Fernando Gonçalves (PTB), o líder das pesquisas, nem foi para o segundo turno? Esse vai ser o discurso de Lindberg para os caciques políticos. Dirá ele: "Ô, xente! Cabra, nós vamu mudar isso. Se aprochegue a mim, vai".
Para ser ainda mais claro, ele vai repetir sua frase para diversas pessoas. Quem nunca ouviu dele a frase "me ajude a governar"?
Portanto, a divulgação dos números, neste momento, é uma faca de dois gumes. Ela só seria boa se bom fosse o governo.

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