29.1.10

Texto primoroso do Triel

Por Claudia Maria

“Por quem os mortos se envergonham 2”
Carlos Gilberto Triel

O vereador Figurinha abre a porta do gabinete e pergunta se pode participar da reunião.
O prefeito Lindomar como se esperasse a entrada do seu Secretário do Dinheiro:
-Se aproxegue Figurinha, eu estava aqui colocando a nossa proposta de cobrança de IPTU dos jazigos municipais, e a mais formosa de todas as vereadoras desse Brasil varonil está roendo a corda...
Acariciana Nicolina não gostou:

-Prefeito Lindomar, o roer a corda não se aplica a mim porque não me amarrei a nada. Que o Senhor faça o que bem quiser com a cobrança do IPTU aos mortos, mas quero deixar bem claro que não me prestarei a isso.
Lindomar sentiu que precisava voltar a ser malemolente:
- Minha venerável Acariciana, você e minha mãe são as pessoas que mais gosto nesse mundo, jamais mentiria pra você e muito menos pra Mainha.
Acariciana não conseguiu evitar a vontade de rir:
- Sei disso prefeito, o senhor falou isso agora a pouco.
Lindomar sentiu que era preciso marejar com lágrimas os olhos nem que fosse com as de crocodilo:
-Meu tesouro de vereadora, como diz Roberto Carlos, sorriso bonito de quem sabe um pouco da vida, eu estou passando por um momento muito crítico em minha vida. É muito difícil tudo isso...

Acariciana, supondo que o momento crítico fosse as denuncias feitas sistematicamente nas Notícias do Almeida disse:
- A jornalista Claudia Maria publicou que o senhor deve a igreja evangélica e também mais de 100 mil a Igreja Católica de aluguéis em atraso.

Lindomar e o que entende de Imprensa:
–Claudia Maria não é a regra do jornalismo que se faz nesta região. Jornalista denuncia, manda a conta e, depois não se fala mais no assunto. Essa mulher está na contramão dos fundamentos de um governante moderno. É um calo que tenho desde que pus os pés nessa cidade.

Acariciana insiste:
- Prefeito, porque o senhor não paga o que deve as igrejas?

Lindomar:
- Eu não faço distinção de credo quando decido não pagar. Meu calote é ecumênico.

Acariciana faz outra colocação:

- O radialista Gabriel Barbosa disse que o senhor é um monstro por não pagar o que deve ao instituto Oncológico que cuida dos doentes de câncer.

Lindomar enfurecido: – Mentira! Jamais faria uma coisa dessas. Desde os tempos que o deputado Bebezão Rocha era o secretário de Saúde que prometi parcelar o débito.

- Monstro é o Gabriel que não respeitou o meu sofrimento e fez chacota na Rádio com meu exame médico.

O vereador Figurinha achou que estava na hora de tirar um sarro com o prefeito:
– Pois é; o Gabriel disse que o senhor ficou traumatizado com um exame de próstata. E que ocupou o tempo da última reunião do seu secretariado fazendo um discurso contra o toque retal, utilizado pelo médico.

Lindomar ainda mais enfurecido:
– O que Gabriel Barbosa não contou que ele é quem faz exame de próstata três vezes por mês. Ora, ora, quem faz tanto exame de próstata não tem problema de próstata, tem problema é de solidão. O problema dele é a solidão, canalha.

Figurinha se deliciando com aquela situação:
- Como foi seu exame da próstata, prefeito?

Lindomar:
- Danosse! Foi muito triste. Estou até agora vendo estrelas, devido à violência descabida do médico. Não era para ser assim. Do jeito que foi introduzido aquele dedo; quase que desmaio - saí de lá andando fora de prumo e com o olho cheio de vaga-lume.

Acariciana constrangida não sabia o que dizer:
- Impressionante essa sua reação, prefeito...

Lindomar enfático:
- Se o médico faz isso comigo, um sujeito esclarecido, UM PREFEITO! Imagine com pessoas simples e ignorantes! Imagine com um sem-terra, com um desempregado!

O vereador Figurinha caprichando na maldade:
– Prefeito, eu soube que o senhor se indignou tanto em seu discurso, que fez questão de mostrar com gestos e gritos como foi o seu exame.

Lindomar mordeu a isca:
– Oxente! Faltou habilidade política. O mau caráter do médico foi logo botando o dedo universal da safadeza em minhas partes pudendas. É angustiante para um pai de família, para um caboclo macho, na minha idade, passar por isso.

O vereador Figurinha, equilibradamente fingidor:
- Prefeito, o jornalista Almeida costuma dizer que todo homem civilizado, perto dos 40 anos, deve fazer o exame de forma convencional. Existe outro método, mas não é totalmente eficiente. Então, tem que se fazer o toque retal mesmo.

Lindomar perde o controle e dá um soco na mesa:
– Então que o Almeida faça. Jamais vou aceitar um desaforo desses. Eu sou espada! Eu tenho aquilo roxo! Ele pode gostar de fazer esse exame, eu não. A medicina tem o dever, a obrigação de encontrar outra maneira. Enfiar o dedo no rabo de um prefeito inocente não está certo.

Acariciana era um só constrangimento:
-Prefeito, POR FAVOR! Nós devemos evitar o uso de palavras que possam dar margem a outras interpretações.

Lindomar levantou-se abruptamente da cadeira, caminhou até a janela, e com os olhos fixos ao longo de toda extensão da Serra do Madureira, disse com um sorrisinho irônico entre os dentes:

– Ham, ham...do jeito que esse Gabriel e esse mancomunado do Almeida defendem de forma tão peremptória a enfiação do dedo para se diagnosticar a próstata do sujeito, será que é mesmo o dedo que o médico usa para examinar a saúde desses cabras...?

Carlos Gilberto Triel é jornalista e o apresentador da Oração da Ave Maria, Segunda a Sexta-Feira 17:45 hs Rádio Tropical 830Am

Os personagens são fictícios; que toda e qualquer semelhança com casos, fatos, lugares e pessoas é mera coincidência.

3 comentários:

rapaduradamamae disse...

Caro amigo triel o medico errou mas uma vez nao tinha que enfiar o dedo nao tinha que enfiar a mao toda no rabo deste prefeito caloteiro

rapaduradamamae disse...

Caro amigo triel o medico errou mas uma vez nao tinha que enfiar o dedo nao tinha que enfiar a mao toda no rabo deste prefeito caloteiro

Unknown disse...

passei, a madruga rindo.
Tiver um ataque de riso.