19.1.10

Lindomar Paraíba ataca novamente!

“Por quem os mortos se envergonham”
Carlos Gilberto Triel

O prefeito Lindomar Paraíba convidou a belezura da vereadora Acariciana Nicolina para dois dedos de prosa em seu gabinete:

- Minha querida vereadora Acariciana, você e minha mãe são as duas pessoas que eu mais gosto nesse mundo. Jamais mentiria para você e muito menos para Mainha.
O mordomo chega com um cafezinho e serve com todo esmero a vereadora.
Lindomar faz pausa no assunto a ser tratado com Acariciana e diz para o mordomo:
- Mike Tison, seu traçado de mula manca com jumento, quantas rapaduras ainda temos na despensa?

- Apenas uma excelência! - responde Tison.

- Só uma?! – Mas não é possível! Você deixou que o estoque da sustança que mantém a vida praticamente zerasse, seu cabra, filho duma égua?! Suma daqui antes que eu lhe enforque pelo saco, tronxo! – Gritou Lindomar.

Acariciana perplexa fica se perguntando como somente ela que não sabia da importância da rapadura para a humanidade.

Lindomar todo derretido para a vereadora:
- Querida vereadora, não leve a mal a gastura não. Aprendi com a viúva Porcina - quanto mais à gente maltrata a turma da cozinha, mais ela nos ama.

- Mas escute só, ó minha tentação de vereadora! Com todo respeito, mas poucas cidades têm o privilégio de contar com duas pessoas tão arretadas de bonitas. Eu aqui na Prefeitura e você na Câmara dos Vereadores.

Acariciana sem graça:
-Ô prefeito, o Senhor assim me deixa encabulada. Mas vamos falar do assunto que me trouxe ao seu gabinete.

Lindomar deu o seu melhor sorriso;
- Se avexe não vereadora. Conto com você para criar um novo imposto para que Nova Laranja decole de uma vez por todas.

- E como seria esse imposto, prefeito?

- Estou matutando seriamente em cobrar IPTU dos mortos que tem jazigo perpétuo no cemitério da cidade.

Acariciana Nicolina sem acreditar no que ouviu:
-Prefeito, onde já se viu cobrar IPTU dos mortos!?

Lindomar deitou falação:
- Nova Laranja oferece aos distintos falecidos, o centro da cidade como moradia eterna, isso não acontece em nenhum lugar do mundo. Nossos cadaveres não têm do quê se queixar.

-Na maioria das cidades brasileiras o cemitério fica afastado da área nobre, aqui não. Nem parece que o morto tá morto, é como se o caboclo estivesse dormindo no quintal de casa. Os parentes têm que pagar por essa farra de mordomia dos caveirinhas.

Acariciana já contrariada com a idéia do prefeito:
- Prefeito Lindomar, é por essas e por outras que a imprensa do Rio de Fevereiro começou a pegar no seu pé.

Lindomar dá de ombros e corrobora:
- Mas que imprensa!? Imprensa só existe aqui em Nova Laranja, essa sim que me enche o saco. No Rio de Fevereiro tem-se uma pose de imprensa. A imprensa do Rio faz jus ao nome que é de um mes de carnaval, tudo que se denuncia é matéria encomendada pra se pagar e acabar na quarta-feira de cinzas.

- E vou cobrar sim o IPTU dos jazigos milionários porque o que mais tem aqui em Nova Laranja é falido amostrado de rico.
Para continuar enterrado no centro da cidade, os bestinhas vão ter de pagar senão despejo todos os barões da laranjada pro cemitério de Marapicu.

Acariciana não gostando de nada que ouvia:
-Os vereadores não irão concordar com esse absurdo.

Lindomar esfregando as mãos certo de mais uma vitória:
- Tenho a certeza que a abençoadissima vereadora do Trivella, o Pastor Tangerina Cebion, o Bispo Perivaldo Mirim e a bancada dos barrigudos de cordão de ouro irão me ajudar nessa cruzada universal contra os defuntos caloteiros. Tá ligada?

Acariciana Nicolina indignada tentando estabelecer uma linha de raciocínio:
- Prefeito, o Senhor precisa rever essa proposta. Não se brinca com os mortos impunemente.

Lindomar foi sarcástico:
- Como não? Desde quando cheguei à Nova Laranja o que mais fiz foi desenterrar ossos e sepultar politicos com prazo de validade vencido.

Carlos Gilberto Triel é jornalista e o comunicador da Oração da Ave Maria na Rádio Tropical 830AM segunda a sexta-feira 17: 45 horas.
Os personagens são fictícios; que toda e qualquer semelhança com casos, fatos, lugares e pessoas seja efetivamente mera coincidência.

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