6.7.09

Mais um capítulo de sua novela preferida

Por Claudia Maria

A cidade que virou suco- ou melhor bagaço

O Candidato

Depois da grande decepção que foi sua amizade com Fernando, nosso anti-herói resolveu que ele mesmo teria seu mandato, com o qual faria o que bem entendesse! Xerife nenhum iria se meter. Naquele momento, em cima do livro “O Capital” - que ele escolheu porque era bem grosso, mas tinha letrinhas demais e nenhuma figura – jurou que nem a chamada Carta Magna (que ele nunca entendeu porque tinha esse nome) iria lhe parar! De agora em diante ele pensaria apenas na sua candidatura no Partido do eu Quero Picaretagem (PQP). Isso começou quase que imediatamente.
Depois de muitas reuniões e rapaduras começou a campanha. Queria o cargo de "desmoralizado" na Terra dos Eleitos. A campanha que tinha feito contra o confisco dos cofrinhos feito por Fernando tinha lhe valido alguma simpatia. Tinha aprendido também, enquanto era da Associação da Juventude, que sorrir um pouco e deixar a ponta da cueca de fora da calça era bom. Há muito custo vinha mantendo o corpinho malhado, afinal, há muito que não tinha tempo de arrumar uma boa briga para treinar uns socos e muita rapadura já estava lhe fazendo mal.
Assim, revestido de todo vontade cívica (seja lá o que isso significa) foi para rua cair nos braços da mulherada. Alguns beijos aqui, outros ali e pimba: no dia da eleição foi um dos mais votados! Pronto, a sorte estava lançada. No dia da vitória bebeu até cair. Teve que ser carregado pelos amigos para encontrar o caminho de casa, coisa de macho. Mas, depois é que foi saber disso, tinha que comparecer à reuniões na Terra dos Eleitos todas as terças, quartas e quintas. Que maçada! Por essa não esperava.
“Três dias de trabalho por semana! Caramba! Será que vou resistir?” Nunca nosso anti-herói tinha trabalhado na vida (já disse isso). O jeito foi encontrar alguma coisa divertida para fazer nesses três dias. Ficar trancado com outros quase 600 "desmoralizados" no mesmo recinto era demais! Principalmente porque, na maioria das vezes, não entendia nada que eles estavam dizendo. Nessas ocasiões fazia o que sua santa mãezinha lhe ensinava: “quando não entender apenas sorria”. E era assim que ganhava as páginas dos matutinos, sorrindo sempre e mostrando um pedaço na cueca para fora da calça.
Foi em uma dessas vezes que conheceu aquela que, mesmo sem saber, lhe ajudaria a dar um de seus maiores golpes: Helena Helóisa. Uma baixinha arretada que passou a dividir a rapadura com ele.

Saiba na próxima semana como a relação entre ele e Helena ficou abalada para todo o sempre.

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