11.11.08

O comentário do comentário

Caros leitores, o texto abaixo recebemos de um leitor que trabalha no CCV. Agradeço a ele o envio do texto, que é uma resposta à notinha "Eu avisei".

"Como leitor assíduo dos artigos postados no seu diário eletrônico, não posso deixar de fazer um comentário a respeito deste em particular. Sou um dos servidores que realizam as visitas domiciliares aos imóveis nos bairros. E veja, eu conheço bem deste trabalho, pois já trabalhei em outros municípios, inclusive no Rio de Janeiro.
Na minha visão, foi boa a decisão de realizar os mutirões integrados a outras ações, e lhe digo porque:
1º. Nova Iguaçu vive um ano epidêmico para a Dengue (cerca de 18.000 notificações da doença) o que sugere que é preciso repensar as estratégias convencionais de controle que vem sendo utilizadas aqui e em outros municípios;
2º. O termômetro para avaliação do grau de risco de uma nova epidemia é o que chamamos de IIP (Índice de Infestação Predial), uma pequena equação percentual que se faz considerando o número de imóveis infestados por larvas de Aedes aegypti em um universo de 100 imóveis visitados. Em alguns dos 68 bairros existentes em nossa cidade o IIP está acima de 10% ;
3º. Para realizar a visitação a todos imóveis do município (cerca de 400.000) na modalidade convencional levamos 60 dias ou mais, dependendo das condições climáticas. O resultado que se espera com os mutirões é exatamente encurtar esse prazo para 30 dias, e então direcionar as medidas necessárias como, por exemplo, atacar de forma preventiva as localidades onde o IIP estiver muito alto. Ações como as das equipes de borrifação química (Perifocal) que atuam nos ferros-velhos, reciclagem, borracharias e cemitérios em conjunto com as ações das Equipes de Fumacê, certamente ajudarão a reduzir a dispersão do mosquito e conseqüentemente o número de vítimas da dengue em Nova Iguaçu.
Acho que o pessoal que assumiu a CCV começou, finalmente, a pensar de maneira séria a realização de um programa de saúde de controle da dengue. Espero sinceramente que dê certo.
Do mais um grande abraço para você e parabéns pelo Blog.

Hélio José"


Por Almeida dos Santos

Caro Hélio, primeiro gostaria de agradecer a sua participação. A respeito das intensões do novo grupo que assumiu o CCV, creio que sejam boas. Porém, precisamos frisar que ontem, por exemplo, o ministro da Saúde José Gomes Temporão anunciou R$ 1 bi para o combate à dengue. Esse ano o valor no Orçamento da União foi um pouco mais de R$ 700 milhões. Mas, vejamos:
Este Blog denunciou, em 2007, que teríamos um surto de dengue este ano. Motivo: carros quebrados e o uso político dos agentes de combate à endemias. Quem entrar no do SindSaúde verá que a categoria era chamada para fazer a claque do presidente Lula quando vinha ao Rio. Tem mais: você deve concordar comigo, já que está em campo, que a falta de um simples crachá de identificação prejudica o agente em muitas residências. Sei de alguns números e parabenizei o Vitor Rocha por chamar os agentes de volta para atuarem no campo. Só disponível para o postos de saúde eram 106 agentes. Quase trinta estavam lotados na portaria. Respeitável Hélio, enquanto no passado os agentes estavam sendo usados como políticos. Ressalto que alertei para o surto de dengue e, lamentavelmente, o que temos a dizer para as famílias de cinco vítmas da dengue em Nova Iguaçu. Sobre as suas observações, vou fazer alguns comentários. Você parabeniza o mutirão. Eu não. Acredito que se fosse criada uma "força-tarefa" e manter alguns agentes nos seus respectivos PAs seria melhor. Teria um tratamento de choque promovido pela força tarefa e manteria o trabalho nos bairros. Vou um pouco mais além. A Prefeitura não tem que ser paternalista e, por essa razão, poderia distribuir o produto cubano à população. Basta ensinar como usar o produto. Isso daria responsabilidade à população e, com certeza, provocaria um sentimento de comprometimento do povo. Vou mais, amigo leitor: cadê as bombas para uso individual de alguns agentes? Elas existem e a Prefeitura tem que adquirir pelo menos 30 delas. É bem verdade que não sou um especialista nesta área como você. Mas, sempre faço consultas sobre as metodologias utilizadas. Neste sentido, vejo que a forma escolhida pelo Vitor não seja a melhor das escolhidas, por essa razão proponho que seja revisto o sistema de mutirão e seja criada uma força-tarefa para atuar nos ferro-velhos, cemitérios, clubes e em terrenos baldios levantados pela secretaria de Urbanismo. Ela passaria os dados das localidades que contam com terrenos baldios e eles seriam confrontados com os registros de dengue mapeados na cidade. Informações servem para tomar decisões. Agora, tomar decisões que observar as informações torna o trabalho um tanto quanto ineficaz.

No mais, o meu mais profundo respeito e agradecimento.

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