“OS COVEIROS DAS ILUSÕES”
Carlos Gilberto Triel
O teatrólogo Martins Pena, já dizia há uns 157 anos que "tudo está fora dos seus eixos”.
O caboclo tem vocação para ser um próspero comerciante de sapatos, besteira, escolhe estudar medicina porque se ganha muito mais dinheiro.
Aquele tem inclinação para palhaço, pois não amigo, será político porque se permite toda sorte de irrelevâncias de caráter.
Aquele outro demonstra toda vocação para a ladroeira, seja fiscal do poder público, e lá se vão os cofres da nação...
Esse outro tem uma grande carga de preguiça e indolência, abraça a profissão religiosa; e o espertalhão fervorosamente invade também as políticas públicas.
O carrasco nazista Rudolf Höss acusado pela morte de milhões de judeus, dizia que por receber ordens diretas de Hitler, jamais se questionou. Uma leve dúvida era uma traição ao chefe.
Num final de tarde veio de encontro à besta humana, uma quase compaixão pelo ser humano: Ao ver duas crianças entretidas no brinquedo serem mandadas juntas com a mãe para dentro da câmara de gás. A mulher implorava que não fizesse aquilo; e foi em vão. O que fazer? Ordens são ordens.
Leonardo Boff diz que quanto mais inconsciente, mais perverso é o mal. O carrasco de Auschwitz não se sentia culpado pelo extermínio de milhões de pessoas, não via naquilo perversidade nem tampouco sadismo diabólico. Ele apenas cumpria ordens.
Ora, nos dias que antecederam às eleições de 2004 quando ainda candidato a prefeito, o então deputado Lindberg Farias foi interpelado por um militante barbudinho: O senhor não seria mais um a frustrar as expectativas do eleitor?
- “Danosse, ô seu menino! Sou lá homem de faltar com a verdade? Não vim aqui pra ser mais um não, está aqui minha mulher e meu filho, as duas coisas que mais gosto nessa vida, que não me deixam mentir. Tenho um projeto de vida e escolhi Nova Iguaçu para ser o terceiro amor da minha história”.
- “Quero ser o melhor prefeito para poder virar governador desse Estado. E não escondo que quero voar alto. Ambiciono em ser presidente, por que não? E para poder voar até o Planalto meu vôo precisa ser grande. E para tudo isso acontecer, eu não posso falhar aqui nessa cidade”.
O radialista Gabriel Barbosa ainda com a boca cheia de um carboidrato barato, que acabara de comprar numa barraca do K 11 - chegou a engasgar tamanha a emoção arrebatadora com o discurso do rapaz bonito, bom de voto e bom de bico.
Quatro anos depois, na festa de reeleição desse prefeito, o Gabriel ainda devorando coxinhas de galinhas, ouviu uma singela vereadora, redesenhar a inconsciência do carrasco de Auschwitz ao dizer que a saúde da cidade era um problema nacional. Dessa vez o estomago embrulhou e, ele correu para o banheiro.
Ah, esses burocratas do sangue e do suor do próximo, que se ufanam a direita do Pai, e a esquerda do Partido; sem nunca conceber aos que cativam o bem ou a compaixão como moeda de troca!
E que todos se vistam em ternos de fina estampa quando adentrarem a gaiola dos abençoados. Pois é cômica e patética a afetação de superioridade dos que ficaram ricos. Vá lá que o dinheiro não aceite desaforo, mas de tão ingênuos, não comparam que dia de muito é véspera de pouco.
A safadeza devastadora de um projeto pessoal de poder transformou o município num imenso cemitério de desolação, cravou cruzes a torto e a dá com pau; compôs a marcha fúnebre e deixou aos depressivos parceiros a auto-imolação por e pelas denúncias de desvio de verbas.
Carlos Gilberto Triel é jornalista e o apresentador da Oração da Ave Maria, Segunda a Sexta-Feira 17:45 hs e do quadro “Quem Eles Pensam que Somos” no programa Perfil da Baixada 10:30 hs Rádio Tropical 830 AM
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