Mais um capítulo da nossa novela

Por Claudia Maria


Obstinação 2

Macacos me mordam! Desde que tinha colocado na cabeça que queria o cargo de Pedro Álvares do Mal que sua vida tinha virado de cabeça para baixo. Quase não tinha mais tempo de tomar aquela pinga com os amigos ou de roer uma rapadura como nos velhos tempos do movimento estudantil. O tempo todo tinha que ficar inventando respostas inteligentes. Algumas vezes chegava a ligar para seu amigo de infância Zé do Breu. O coitado andava meio escondido depois que foi pego desviando mariola na Terra dos eleitos. Mas, e daí? Quem nunca roubou uma mariola que atire a primeira paçoca!

Zé do Breu era sua salvação em muitas situações. Mas, em outras, ficava totalmente perdido quando aquele bando de jornalistas do mau o procuravam. “Venham para o lado do bem!” Ele dizia. Mas, que droga! A frase já estava desgastada. Estava convencido de que não dava mais para usar isso quando queria se safar de algum chato. Mas também tinha o lado bom da coisa. Gostava de implicar com Pedro Álvares. Se divertia quando ele fazia aquela cara feia e dizia: “esse garoto é maluco. Onde jê se viu querer brigar comigo!” A barriga tanquinho de nosso monarca chegava a doer de tanto rir quando Pedro falava isso. Afinal, até agora, estava se dando bem.

Na pesquisa de opinião contratada por sua santa mãezinha estava em primeiro lugar! Sua mãe nunca tinha errado e não seria a primeira vez. Depois, tinha uma estratégia que não falhava nunca. Conversava com uns amigos seus do grupo que matava muriçocas em sua cidade e pedia: “Quero que vaiem Pedro Álvares em qualquer lugar que avistarem o danado! Quanto mais vaia vocês derem nele mais rapadura eu dou para vocês”! Isso sempre dava certo. Os muriçocas vaiavam, Pedro ficava furioso e Nano nunca pagava as rapaduras. A desculpa, que eles sempre acreditavam, era sempre a mesma. “A rapadura está em falta no mercado. Assim que chegar eu mando a parte de vocês”