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Desafio ao MP em Nova Iguaçu Com a impugnação das candidaturas pedida por promotores eleitorais, os adversários Lindberg Farias e Nelson Bornier fazem pouco caso da iniciativa e dizem não temer a perda dos registros.

Nova Iguaçu - Os dois principais candidatos à Prefeitura de Nova Iguaçu desafiaram o Ministério Público Eleitoral e disseram não temer que suas candidaturas sejam impugnadas. Lindberg Farias (PT), que tenta a reeleição, e Nelson Bornier (PMDB) desprezaram a iniciativa dos promotores da cidade de pedir à Justiça Eleitoral que não homologue seus registros.
Os dois ainda voltaram a trocar acusações, numa espécie de disputa à parte para a definição de quem tem mais problemas na Justiça. Conforme O DIA revelou sábado, os promotores eleitorais protocolaram o pedido de impugnação das candidaturas de Lindberg, pelo fato de ele responder a cinco processos de improbidade administrativa, e de Bornier, que tem 15 ações em sua ficha.
RISCO TAMBÉM PARA VICE
“Quem deve se preocupar é o meu adversário, por ser o autor, quando prefeito, da maior fraude da história da administração pública brasileira. Eu não me preocupo com nada. Temos resposta para tudo”, desafiou o petista.
Bornier também se disse tranqüilo em relação à iniciativa do MP de pedir sua impugnação. “Não tenho nada a temer. Acredito na Justiça e vou provar a minha inocência e dar continuidade à candidatura. Vou provar tudo e sairei inocentado das acusações”, disse Bornier.
Enquanto os cabeças de chapa tentam resolver suas pendências, os candidatos a vice e eventuais substitutos dos impugnados em potencial ficam na defensiva. Principalmente Maurílio Manteiga (PSDB), vice de Bornier, que também teve pedida a impugnação de sua candidatura.
Ex-secretário municipal de Governo de Lindberg, Manteiga é réu de uma ação de improbidade administrativa, acusado de nomear funcionários fantasmas para cargos comissionados na administração municipal. “Foi uma surpresa para mim. Não tomei conhecimento oficial do que está ocorrendo, de fato. Eu nunca nomeei e nunca exonerei ninguém. Minha função não era essa”.
A deputada estadual Sheila Gama (PDT) ressaltou que a chapa pode recorrer de uma eventual impugnação. Questionada se assumiria a titularidade da candidatura caso Lindberg tenha o registro negado, a parlamentar foi enfática. “Nosso candidato é do PT. Estou tranqüila em relação a isso”, disse.
A postura de Lindberg e Bornier parece já estar afetando a militância. No sábado, já houve tumulto, xingamentos e princípio de briga entre cabos eleitorais dos candidatos. Ontem, por duas vezes, as duas militâncias se cruzaram em bairros diferentes, mas, apesar do clima tenso, não houve registro de confusão.

NANICO SONHA

O imbróglio jurídico envolvendo os candidatos mais fortes é comemorado por quem corre por fora. Antonio Cottas (PSOL) acha que suas chances aumentaram. “Com o desgaste deles, cresce nossas chances nessas eleições”, afirmou Cottas, que ainda provocou. “Sou policial civil e estou há 20 anos no estado. Em todo esse período, nunca respondi nenhuma sindicância. Tenho a ficha limpa”.

ADVERSÁRIOS SOMAM 20 AÇÕES

Das cinco ações em que o prefeito Lindberg Farias é réu, quatro tramitam na Justiça Estadual. São processos de improbidade administrativa por irregularidades em licitações, em contratações de funcionários em cargo comissionado e em campanhas publicitárias institucionais. A quinta ação, na qual o petista é acusado de desviar recursos do Ministério da Educação (MEC) através de irregularidades na Secretaria municipal de Educação, corre na Justiça Federal. Nelson Bornier responde a 15 processos. Entre eles, também constam acusações de fraudes em licitação. Em uma das ações, Bornier, que foi prefeito da cidade entre 1997 e 2002, é acusado de causar prejuízos de R$ 40 milhões.
Além deles e de Maurílio Manteiga, o MP também pediu a impugnação das candidaturas dos vereadores Fernando Gomes Cid (PCdoB) e Marli Silva Câmara de Freitas, a Professora Marli (PT).