5.2.07

Poema

Marcos Aurélio é parceiro em algumas letras que escrevemos juntos. Em uma delas, falamos da chamada sociedade do espetáculo. É aquela que quanto mais sangue, melhor. Vejamos então o poema escrito a quatro mãos.:

Infame Vermelho

Eu vi o sangue que escorria
Na face de Jesus
Renovar-se na hemofilia
Do povo que o pôs na cruz

Eu vi o sangue das bandeiras
Tingir as mãos dos justos
Que lutavam por liberdade
Liberdade a todo custo

Eu vi o sangue macular a virgem
Libertar a moça
Lhe causar vertigem
Ao se ver genitora

Eu vi o sangue do operário
Em suspiros e lamentos
E o patrão como um vampiro
Aumentar o seu tormento

Eu vi o sangue produzir o ódio
Percorrer à veia
Inundar feridas
E ser bebido em ceias

Eu vi o sangue
Na igualdade do espelho
Nas letras deste infame
Poema vermelho

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