30.1.07

Um pouco de Jorge Gama

Nomeado como assessor especial no gabinete do secretário estadual de Governo, o ex-deputado federal e ex-presidente fluminense do PMDB, Jorge Gama, apagou um incêndio que o governador Sérgio Cabral enfrentaria nos seus primeiros dias de administração. Os servidores estaduais estavam preocupados se receberiam ou não o pagamento no dia 10. Eles ameaçaram até greve. Jorge Gama sentou com os representantes de sindicatos e conseguiu apagar o incêndio. Deu a palavra que o governo pagaria, o que realmente aconteceu.
Este homem, que filho de Nova Iguaçu e ao município serviu e dedicou a sua habilidade política, hoje é um conselheiro do governador Sérgio Cabral. Mas essa não é a primeira vez que Gama tem influência num governo estadual. Além de ter sido secretário estadual de Desenvolvimento da Baixada Fluminense na recém administração Rosinha Garotinho (PMDB), ele foi subsecretário da mesma pasta na gestão Anthony Garotinho (PMDB).
Em 1986, indicando o atual juiz Francisco Amaral para ser o vice na chapa vencedora encabeçada por Moreira Franco (PMDB), na disputa pelo governo do Estado em 1986, Gama teve importante participação na administração. Tanto respondeu pela pasta de secretário de Governo (ou Administração, não me recordo bem) como, logo depois, secretário de Trabalho.
No Congresso Nacional, como deputado, ele foi o precursor de abrir um auditório da Câmara Federal para que os servidores pudessem se organizar e reivindicar melhorias nas condições de trabalho. Olha que isso aconteceu quando o movimento sindicalista estava sob o olhar atento dos generais de pijamas.
Algumas curiosidades sobre esse homem de espírito público e republicano, sobretudo, devem ser contadas. Uma delas é o argumento que ele usou para sair vencedor na disputa pela presidência do PMDB no Rio de Janeiro. Na época, três nomes estavam no páreo. Jorge era um deles e um outro, que não me recordo o nome, era um banqueiro filiado à legenda. Gama, trabalhando com a vaidade do ser humano, disse ao seu adversário: “Você não é pessoa para ser presidente estadual de uma legenda. Isso é coisa para mim. Você tem que ser o presidente de honra, que é muito mais que presidente estadual de uma legenda. Se eu for eleito, tenha certeza que vou falar com a Executiva do partido para lhe conferir este reconhecimento”. Moral da história: seu adversário retirou o nome da disputa e não só apoiou Gama politicamente, como custeou o material para disputa interna partidária.
Outras tantas curiosidades sobre este político poderiam ser ditas aqui. Mas vamos falar das ações que beneficiaram a Baixada e que foram, estrategicamente pensadas por Gama. Uma delas foi a mudança do horário bancário. Antes, as agências instaladas nos municípios da Baixada abriam suas portas às 11h, enquanto que aquelas no Centro do Rio abriam às 10h. Em reunião com representantes da Febraban, Jorge Gama conseguiu provar que o volume de transação financeira na Baixada Fluminense exigia a equiparação dos horários. Mostrou que o setor de comércio varejista e o de prestação de serviços são os dois principais pilares da economia baixadense. Com isso, não foi difícil ele convencer os representantes dos banqueiros.
Outra ação recente foi a conquista do Cederj, que é um centro de formação à distância que foi instalado no antigo Fórum Itabaiana, em Nova Iguaçu. Ao saber que o prédio seria devolvido ao Estado pelo Poder Judiciário, Jorge Gama se apressou em falar com o secretário de Ciência e Tecnologia do Estado e o convidou para visitar o local. Lá, ele mostrou a Estação Ferroviária de Nova Iguaçu, que fica de frente. O secretário gostou, mas disse que só dependia da governadora Rosinha Garotinho a liberação para utilizar o prédio. Jorge Gama pediu que fosse feito um projeto de como ficaria e quanto custaria a instalação do Centro. Colocou tudo no papel e na planta. Para conseguir sensibilizar a governadora, ele agiu de uma maneira inteligente de quem sabe fazer política. Sabendo que a irmã bastarda da governadora era funcionária da secretaria da Baixada, ele entregou a ela cópia do projeto e disse. “Quando for passar um fim de semana com a sua irmã, mostre a ela esse projeto. Peça a ela para olhar com carinho esse projeto que é um presente à terra onde morou”. Não precisa dizer que a estratégia deu certo, né?!
Poderia listar inúmeras ações que Jorge Gama fez por Nova Iguaçu e pela baixada Fluminense. Todos sabem que essa história de construir uma universidade pública na região foi uma briga dele na década de 70. Recentemente ele preparou e entregou uma espécie de anuário estatístico sobre a Baixada Fluminense, que por si só representa um fato de consulta significativa para aqueles que atuam com dados e histórias sobre a região.
Quem tem privilégio de sentar com Jorge Gama para bater um dedinho de prosa, percebe que além do político, há o homem bem-humorado que contas histórias interessantes sobre Nova Iguaçu e seus principais personagens. Ele, que escrevia no jornal Correio da Lavoura sob o pseudônimo de Maria Auxiliadora da Paz – período em que fez o jornal ser considerado um reduto de comunistas pela Dops -, fazia da caneta uma navalha afiada e afinada com os interesses da municipalidade. Ele, que também foi vereador em Nova Iguaçu, hoje fala ao ouvido de Sérgio Cabral como se fosse um conselheiro. Esperamos que sua voz faça eco e o governador ouça Gama e sua experiência.

2 comentários:

JOÃO disse...

Que saudade desse cara...Valença/rj...1990 João Batista

Anônimo disse...

Dr Jorge Gama é um dos personagens que escreve a história da DEMOCRACIA no Brasil. Só prega o que fala e faz.
Fico tentando achar um adjetivo e logo entendo que é uma tarefa dificil pois as suas virtudes são tantas que apenas prefiro defini-lo como um HOMEM HONRADO.
Agenor Candido Gomes
agenor@amoo.com.br