Por Claudia Maria
Almeida tinha razão. Não dá para receber uma notícia de comemoração do aniversário do Hospital da Posse sem sentir o rosto esquentar e pensar em todas aquelas pessoas que já precisaram daquela unidade e tiveram que voltar para casa sem atendimento ou mendigar por ele em um hospital do Rio ou mesmo morrer sem o bendito atendimento. O que será que se passa pela cabeça dessas pessoas quando pensam em comemoração quando deveriam receber uma injeção de humanismo e trabalhar com mais respeito (será que sabem o que essa palavra significa) pela população. Comemorar o aniversário daquela unidade é como dar um soco no estômago da população. É de uma falta de respeito que só se compara com a nomeação da contadora Mônica Rangel para o cargo de diretoria administrativa da unidade. Vejo com muita tristeza que esse governo faça uma festa para comemorar o aniversário de um hospital que foi abandonado pela atual administração pública. Um hospital onde faltam até luvas para os médicos e enfermeiros, um hospital onde o neurocirurgião é obrigado a operar crânios com brocas de marceneiro para não deixar o paciente morrer porque não tem equipamentos apropriados.
O aniversário do Hospital da Posse seria um momento para reflexão. Um momento para olhar em volta e ver que a unidade mais perdeu do que ganhou nesses últimos 25 anos. No dia do aniversário do Hospital da Posse, pacientes, familiares, médicos e funcionários deveriam se vestir de preto e entregar a secretária de Saúde, Marli Freitas, e ao prefeito Lindberg Farias, rosas escuras como ficam as almas das famílias que vêm seus familiares morrerem sem recursos. Marli e o prefeito deveriam, um dia, visitar esses familiares. Quem sabe assim teriam um lampejo de humanidade e percebessem que a política feita por eles é de extermínio e não de construção. Quem sabe, deixariam de ostentar tanta arrogância e entendessem que a população não é idiota para continuar apagando velhinhas de um aniversário que mais lembra morte do que renascimento.
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