4.10.07

Platônico

Estou apaixonado. Uma paixão que me tomou de assalto e me fez se perder no tempo, buscando o passado, compreendendo o presente e temendo o futuro. O cupido desta paixão platônica é o historiador Antônio Lacerda. Foi ele quem me apresentou a moça que hoje invade meus sonhos e aguça a minha curiosidade a cada pensamento. Lacerda foi a ponte que me fez chegar a uma ilustre desconhecida do povo iguaçuano, chamada de Maria Isabel.
Por Maria Isabel a minha paixão não é egoísta, não se prende ao ciúme de fazê-la conhecida. Trata-se da Condessa de Iguaçu, quarta e última filha de Dom Pedro I com a Marquesa de Santos, nascida em 28 de fevereiro de 1930. Ela é uma paixão antiga, como podem perceber. Uma paixão que ao avançar do tempo vai ganhando os retoques de cada descoberta.
Diferente das irmãs, a Condessa por quem me apaixonei teve a sua educação européia, sendo que através do Educandário Atchings, em Botafogo, dirigido pela inglesa Miss Poter. Filha de Domitila de Castro Canto Melo, sua imagem tem a mesma beleza da mãe, fato que pode ser constatado num quadro de óleo sobre tela, acervo do Museu Nacional de Belas Artes, o figura sua beleza mais real que a própria realeza.
Maria Isabel, que só foi reconhecida filha bastarda de Dom Pedro I quatro anos depois do seu nascimento, poderia ter sido criada pela princesa européia Amélia de Leuchtemberg, mas sua mãe, a Marquesa de Santos, preferiu cuidar da filha.
Por ironia do destino, talvez, foi em Iguassú, terra onde se encontra enterrado o primeiro marido de sua mãe, o alferes Felício Pinto, que Maria Isabel se tornará Condessa. Se Felício tivesse êxito, no dia 6 de março de 1819, talvez não existisse essa minha paixão pela Condessa. Nesta data, o alferez Felício Pinto, tomado de ciúmes, tentou matar à facadas a Marquesa de Santos, - mãe da futura Condessa - que estava grávida do seu terceiro filho. Ele acusava-a de traição com o Tenente-Coronel Francisco Lorena.
Maria Isabel casou-se aos 18 anos de idade, em 1848, com o Conde de Iguassú, Pedro Caldeira Brant, filho do Marquês de Barbacena, dono das terras da Fazenda do Brejo, hoje conhecida como cidade de Belford Roxo. Porém, foi em Comendador Soares, onde então existia o Condado de Iguassú, que Maria Isabel passou a viver.
Outro fato interessante na vida da minha amada é o seu casamento com o filho do principal rival de sua mãe. Foi o Marquês de Barbacena quem articulou a saída da Marquesa de Santos da Corte, tudo para recuperar a imagem de Dom Pedro I. Dessa história toda, o me deixa triste é que outros tantos almeidas, santos, oliveiras e um sem números de alunos poderiam se apaixonar, como me apaixonei, pela Condessa de Iguassú. Mas como fazer isso? Através da História de Nova Iguaçu nas salas de aulas. Através do incentivo pela secretaria de Cultura às pesquisas e suas divulgações. Mas, não. O Bairro-Escola é maior que a Condessa de Iguassú; é maior que a minha paixão; é maior que a nossa História. Pelo menos, isso que parece!

2 comentários:

Unknown disse...

Parabéns pelo texto sobre Maria Isabel,muito me interessa a história dessa mulher admirável, gostaria de saber como faço para obter informações sobre um possível contato entre ele e uma mulher chamada Ignacia Carolina Soares de Gouvea, também uma suposta fiilha ilegítima de D. Pedro I.
grata.
Regina

Unknown disse...

Gostei muito do texto. Tive uma experiência muito interessante quando vi pela 1ª vez o quadro da condessa. Desmaiei e me transportei para o tempo em que ela viveu. Foi muito marcante. A partir daí comecei a ler sobre ela. É uma personagem da história que poucas pessoas conhecem.
Patricia Monteiro