Crise anunciada

O governo Lindberg Farias vai enfrentar mais uma crise, sendo mais uma crise na sua própria base de apoio. Trata-se da disputa eleitoral envolvendo a secretária Marli de Freitas (PT) e do deputado federal Rogério Lisboa (DEM). Ambos querem ocupar a vaga de vice de Lindberg em 2008.
Essa disputa, que já tinha iniciado, ganhou mais fôlego após o episódio das vaias ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na ocasião da abertura dos jogos Pan-Americanos. A direção estadual do PT diz que as vaias foram orquestradas pelo prefeito do Rio, César Maia (DEM), e com isso promete fazer retaliações ao DEM fluminense. Neste caso, a possível dobradinha entre Farias e Lisboa começa a ganhar a crítica dos petistas.
Marli de Freitas é um dos membros do primeiro escalão do governo que mais goza de espaço na administração. Todo esse espaço ocupado por Marli, que é secretária de Educação e Saúde, está sendo usado para pavimentar a sua estrada na direção de vice na chapa de Lindberg. Outro argumento que ela está usando é a de que no caso do prefeito Lindberg Farias deixar a prefeitura em 2010 para disputar o governo do estado, o PT entregaria a administração iguaçuana nas mãos do DEM. Neste sentido, o discurso de Marli tem sido o de lançar uma chapa puro-sangue. Fato que está atraindo alguns petistas que estavam em desencanto com o modelo da atual gestão. Como principal aliado para construir esta candidatura de vice, Marli conta com o atual presidente estadual do PT, Alberto Cantalice, que já militou por muito tempo na política iguaçuana, fato que faz aumentar o seu interesse em colocar Marli como vice. Teria Cantalice, sobre Marli, uma espécie de controle político por pertencerem à mesma corrente política dentro do PT.
Por outro lado, Rogério Lisboa tenta se fortalecer com o apoio de outros partidos. Ele, que é o presidente estadual do DEM, tem feito alianças com outras legendas em outras cidades, colocando como um dos acordos o apoio ao seu nome em Nova Iguaçu. Além disso, Lisboa também pretende usar como estratégia o fortalecimento do DEM na Câmara de Vereadores. Lançar um bloco formado por um terço dos parlamentares da Câmara, visando eleger a maior bancada na próxima legislatura. Esta seria também uma forma de aumentar seu poder político na disputa pela vaga de vice.
A disputa pela vaga de vice está apenas começando, mas parece que muitos capítulos emocionantes ainda vão acontecer.